Histeria não faz história

Outro dia, fiquei intrigado com a declaração de um executivo cyber: “nós privelegiamos a agilidade em detrimento da qualidade”. É a primeira vez que vejo uma declaração tão honesta e esclarecedora sobre uma certa maneira de fazer negócios online no Brasil.

Honesta porque ejaculação precoce é uma doença e não uma opção.

Esclarecedora porque é reveladora sobre a origem e os objetivos desse tipo de iniciativa.

Entender, a gente sempre entende. Difícil mesmo é, como usuário e cliente, aprovar.

Diante da alucinada e patológica histeria que está sitiando todas as iniciativas online no país (e aqui, nos Estados Unidos, é muito pior), o tempo parece ser o único e implacável inimigo. Os outros: a concorrência, o produto, o serviço, o atendimento, o relacionamento….isso fica para depois, quem sabe um dia, depois do IPO.

Mas parece que esqueceram-se que o cliente não faz a menor idéia e não tem o menor interesse em saber que tal e qual serviço online foi feito nas galés, com ameaças de pelourinho e tudo por enlouquecidos profissionais motivados por promessas milionárias, quem sabe um dia, depois do IPO. Melhor dizendo, o usuário é muito mais pragmático do que esses senhores. Ele não vira cliente assim com tanta facilidade. Se o serviço é ruim, lento ou caro, bye bye quem sabe um dia, depois do IPO.

Iludem-se esses IPO boys ao achar que a agilidade do lançamento do site garante o sucesso. Ora, desde que o mundo é mundo e a Web é Web, é a idéia, a grande idéia que move o mundo. A Amazon foi uma grande idéia. Não é mais. Foi, para Jeff Bezos, não para as centenas de caçadores de IPO que copiaram o modelo amazonico.

E aí, fico aqui me perguntando o que levaria um executivo a afirmar que não procura qualidade mas agilidade? Pois eu acho que o cliente não está nem aí para a agilidade. Ele quer qualidade, sempre qualidade, acima de tudo qualidade. Inclusive na agilidade do pedido, do atendimento, da entrega. Mas não é essa a agilidade que interessa os moços do IPO. Claro. É a agilidade de tentar provar ao capital ocioso de Wall Street que esse negócio de Web no Brasil dá certo. Enquanto é tempo.

Tomara que isso não dê o maior barraco lá na frente e que as idéias, as boas e criativas idéias não sejam atropeladas por tanta pressa. Quem sabe o Kama Sutra, destaque de venda do referido site, não seja uma leitura básica para começar a entender que a pressa é inimiga da arte do sexo.

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