Mais uma vez, um assunto espinhoso para tratar e que pode ser mau entendido, mesmo porque eu sempre fui o defensor histérico das fronteiras entre produção e criação/planejamento.
No entanto, existem discursos estratégicos e outros táticos.
Há, sim, uma necessidade imperiosa de delimitar as fronteiras de trabalho.
Uma agência é uma agência, portanto não produz.
Uma produtora, portanto não agencia.
Óbvio. Mas vamos abrir um pouco essa obviedade.
Uma agência é uma agência, portanto possui um ativo intangível, não mensurável, virtual, que são as idéias. É para isso que se contrata uma agência. E por trabalhar nesse plano a agência tem ainda por missão ser intermediária entre a produção e o cliente. Do lado da produção a agência briefa e cobra. Do lado do cliente, é briefada e entrega.
Uma produtora é uma produtora, portanto seu ativo é mensurável, real que é sua produção, ora. É para isso que se contrata uma produtora.
Não quero ferir sensibilidades. Não existe nenhum tipo de hierarquia entre produção e criação. Essa visão que diz que quem põe a mão na massa é menos importante que quem criou a receita é a coisa mais careta, idiota, preconceituosa e indecente que conheço. Mesmo porque as fronteiras entre criação e produção são muito, muito tênues e no produto pronto e acabado é sempre muito difícil dizer quem criou e quem produziu o quê.
Em um trabalho de comunicação muito bom, todos, produtora, agência, cliente e consumidor assinam a ficha técnica.
Mas é importante, para fins estratégicos e práticos estabelecer regras e focos.
Agora, vamos falar um pouco do ambiente Web.
A coisa está tão pequeneninha ainda que esses focos e regras são sopa de letrinha.
O que vemos por aí, quase sempre é tudo na mesma tenda, produção, criação, planejamento, atendimento, pesquisa e sei lá mais o quê.
E aqui vale o discurso prático. É difícil, muito difícil, dificílimo para uma agência (falo do lado de cá porque é onde estou) encontrar uma produtora com o nível de exigência e qualidade que uma agência de propaganda tem. Acho que não consigo completar os dedos de uma mão para enumerá-las. Se tem design não tem programação, se tem programação, não tem metodologia, se tem metodologia, tem um back end vagabundo, e por aí vai….
E quando se fica com poucas saídas, não tem muita alternativa a não ser fazer uma verticalização circunstancial. Isso é tática e míope seria entender isso como estratégia.
Do outro lado, da cerca, não sou a pessoa mais adequada para responder mas tendo a dizer que a tática é a mesma.