Promiscuidade e Prostituição.

– Alô?
– Sim
– Aqui é da Smith & Fucks & Mooney Co. Somos uma empresa de recolocação profissional. Seu nome foi indicado para uma posição numa empresa muito agressiva e nova. Qual é o seu nível de compensação?
– Hã?
– Sim, o Senhor está interessado em conversar sobre esta proposta de emprego?
– Não, eu estou feliz aqui, obrigado.
– Mas, nós só contatamos pessoas felizes.
– Sei, então se o cara está infeliz, que fique assim pra sempre?

Sujeitinho mal educado. Desliguei na cara sem cerimônia.

E depois das primeiras investidas, você começa a ficar pró. Aí, um belo dia, você resolve atender com educação e cerimônia. Vai lá. Recusa uma, recusa duas. Na terceira, segue adiante. Na quarta, vai almoçar com a tal empresa agressiva e nova. Na quinta, chega na compensação. Na sexta, aceita o emprego. E no sábado você percebe que estava feliz e ficou infeliz.

Está assim agora. A Internet criou o maior boom para os escritórios de Head Hunter. Em pouco tempo, profissionais respeitáveis migraram de uma economia para a outra (odeio esta coisa de Nova Economia). E em menos tempo ainda, o tal do boom criou uma horda enorme de insatisfeitos e desapontados desempregados ou a beira de um ataque de nervos. Se arrependimento matasse!

O mais surpreendente disso tudo é que a fórmula é a mais ingênua e óbvia do mundo. Oferecem um camiaozinho de dinheiro e um camiaozão de promessas. O cara descobre que estava infeliz e muda com armas e bagagem para o novo emprego (“se acham que valho tudo isso, deve ser verdade. O que estou fazendo aqui nessa empresa que não me valoriza?”).

Analisar o que a empresa faz, quem são as pessoas, quais são os objetivos empresariais, os valores da companhia? Nem precisa. Estão começando e está tudo para ser construído.

Saber se quero fazer o que me pedem? Saber se gosto ou não dessa coisa? Carece não. Eu vou ser o ban ban e a empresa é que vai se moldar a meu jeito.

No final das contas, o que acontece, invariavelmente é o seguinte: a grana não era bem essa coisa toda, a empresa é uma torre de babel e eu acabei sendo o vice de algo que não é grande coisa.

Pois eu vos digo. Essas empresas, todas elas, embora diferentes, têm um denominador comum. Um só. Não, não é a Internet. É o dono. Aquele que tem todas as prerrogativas estratégicas e administrativas: um banco, um fundo, enfim, um negócio qualquer que administra um monte de dinheiro.

A lógica de um negócio destes portanto é fazer dinheiro. E rápido. Este é o foco. Só esse. Se precisar mudar duzentas vezes por mês a estratégia do negócio, mudaremos duzentas vezes. E você, tem que ser assim um barba-papa. Vai se moldando a essas mudanças senão, pula fora ou é defenestrado. Simples.

Então, da próxima vez que um simpático caçador ligar para você com uma proposta dessas, pense duas vezes: você quer virar bancário? Se sim, vá em frente. Caso contrário, diga que você está muito infeliz e faça de tal forma que o seu chefe ouça você ao telefone. Você vai dar uma boa gargalhada às custas da risada troncha do sujeito e ainda pode ganhar um aumento.

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