Namorodromos existem.

Você está sozinho naquele senta levanta, rangendo os dentes, começando mil coisas ao mesmo tempo, arrumando as gavetas, os livros, correndo atrás do próprio rabo ou simplesmente comendo porque não consegue dormir, nem assistir TV, nem subir pelas paredes, nem se enfiar na privada. E o pior de tudo, você pode estar rodeado de gente e ainda assim se sente só, desamparado e carente. Um aperto no coração.

Os desalmados, nessas horas, saem por aí atrás de aventuras, de Vladivostok a Pindamongaba. Querem ver o mundo e da única maneira que realmente vale a pena, com pessoas. Mas como é difícil conhecer pessoas. Como é difícil encontrar pessoas. Como é difícil.

Você chega em algum lugar e fica ali observando. Aquela pessoa quem sabe? Ou aquela outra? Tipo mercadores em feira de gado. Belos dentes, belo porte, muita ou pouca gordura, velho ou jovem demais. E quando ela parece interessante ou não repulsiva demais e você arruma coragem suficiente para abordá-la, ainda lhe resta o mais difícil, falar amenidades, pousando de bacana ou intelectual, fazendo toda aquela mise en scène babaca. Com um pouco de sorte, o indivíduo em questão, ou melhor, o personagem e sua máscara, topa um algo mais. Mas o “algo mais” é só “algo” mesmo. E “algo” é pouco para quem está com o coração apertado.

Como é difícil não? A ditadura da máscara, manja? As pessoas se relacionam sempre e primeiro com as máscaras das outras. E quando a fantasia cai, geralmente é decepcionante e tarde demais.

Que tal imaginarmos um ambiente em que não há máscaras ou melhor, onde as máscaras não são fingimento? Onde estar de máscara não faz a menor diferença na relação?

Que tal um lugar em que exista um certo pudor ou melhor, em que não haja censura? Onde ser pudico ou escancarado não muda nada?

Que tal um canal em que as pessoas se relacionam não pela aparência mas pela dinâmica da linguagem verbal? Um meio em que as pessoas se falam sem se ver, sem se cheirar, sem se tocar?

E que tal pensar que isto talvez exista e que lá, todo mundo entra sem cerimonia, sem atestados de antecedentes, sem carro do ano. Um no men´s land que a ninguém pertence.

Lá, é assim: você começa a falar com pessoas, trocar convicções ou fantasias, sem hierarquia. Você entra sem protocolo e cai fora sem constrangimento. Lá, você subverte e se subverte. Não tem esse negócio de timidez nem pudor. Daí, você conhece as pessoas pela ordem inversa. Primeiro o conteúdo, depois a forma. E tudo ali, na hora, bateu voltou. Sem pensar demais, sem armar o jogo. Ainda que no começo existam máscaras mas rapidinho elas ficam sem graça, óbvias demais, falsas demais.

Pois eu vos digo: este paraíso das noites de angústia insone existe e se chama Internet. Vem namorar na Web você também. É bom demais.

Fernand Alphen

Box de Dicas:

www.netmeeting.com (vídeo conferência)
Bom para começar porque é de graça. Mas é meio fraquinho.

www.icuii.com (vídeo conferência)
O melhor de todos. Disparado. Não é tão caro assim mas é imbatível.

www.mirabilis.com (comunicador instantâneo)
Básico. Para começar e manter uma relação, esse software grátis é simplesmente indispensável.

Salas de bate papo.
Existem centenas, milhares. Todos os portais têm. É um bom começo para aquela azaração inicial. Tipo dar tiro pra tudo quanto é lado.

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