Antropólogos adoram categorizar. Desde sempre, essa busca frenética para entender a natureza humana passa necessariamente por uma tentativa de jogar perfis em um saco de características e traços de comportamentos similares. Isto veio num crescendo até atingir seu climax com a sociedade de consumo moderna. É preciso fazer um corte “minimo denominador comum” para poder produzir em escala e vender mais com menor custo. Daí aberrações mas também acertos. Embora eu não simpatize nem um pouco com essa mania de esculpir padrões de comportamento, como se os seres humanos fossem um bando de Falcons e Barbies, é interessante olhar para esses modelos geracionais como um tipo de locomotiva avant-gardista da sociedade.
Até pouco tempo atrás, era in falar da famosa Y Generation. Essa moçadinha que tem entre 15 e 25 anos, que nasceu em um mundo em pleno prosperidade econômica (estamos nos referindo aqui, claro, ao mundo privilegiado). Essa garotada, desde os cueiros, tem acesso à tecnologia da sociedade de informação e opera um computador com a mesma naturalidade quanto a geração de seus avós manejava o liquidificador. A Geração Y (Y em contraposição à geração anterior, chamada X – não interessa aqui falar dela pois é muito provável que seja a sua, cara leitor) é pouco fiel a marcas, independente, sabe o que quer. Tão internauta quanto a geração anterior é televisauta.
Mas como em todas essas classificações, existe sempre uma preocupação maior para analisar a faixa etária digamos emergente, a novinha em folha, que está entrando tinindo na população economicamente ativa. Isso me incomoda um pouco. Provavelmente porque quando fui apresentado a elas, eu já pertencia a uma anterior. Coisa de ex jovem, sacou?
De qualquer forma, eu gostaria de dar uma de antropólogo de pijama. Só uma tentativa de propor uma espécie de nova categoria geracional: a mobile generation. Não que isso seja uma grande novidade. Mas vamos falar dessa geração. Primeiro a mobile generation é aquela que não é uma geração no sentido de “faixa etária”. Portanto, pode pertencer à Mobile Generation qualquer pessoal, de qualquer idade que tiver as características da geração. Isso é um consolo para os futuros velhos, manja?
A Mobile Generation é a mais conectada das gerações. Pessoas sempre em movimento, aqui, ali e acolá quase simultaneamente. Seu cordão umbilical com o mundo é obviamente o celular e a Internet. A mobile generation é cidadã do mundo mas não tem amarras terrenas. Não pertence a um pedaço de terra, a uma casa, a um cartão de visita, a um crachá. É uma geração que tem celular e não quer saber de telefone fixo. Se comunica por email, tem disco virtual em um servidor, tem album virtual de fotos, está cadastrado em dezenas de mailing lists, pertence a várias comunidades ao mesmo tempo, só compra on-line, adora games multi usuários, odeia direito autoral, não confia em marcas mas em produtos capazes de responder a suas necessidades objetivas, não acredita em padronização mas em customização. A Mobile Generation é uma não geração. É o novo homem.
Isto é, é o novo até surgir um mais novo ainda. Aí me lembro daquele monge tibetano que quando perguntado sobre WAP e Internet respondeu “old fashion”. Vamos todos para Lhassa!