Uma gangorra diabólica.

Nem bem começou e já não consigo mais dormir direito. Tenho tido sonhos estranhos, carregados, obscuros, perturbadores. Todas as noites. Então, escrevo um pouco todas as manhãs, para desabafar.

Eu estou mesmo cansado dessa gangorra. Falam de guerra assimétrica. Pois ela me parece é muito simétrica. Cá e lá, lá e cá. Estou é ficando tonto.

Pois acho que não importa mais de que lado se esteja.

Aqui, os valores de nossa civilização. Ali, os da deles. Empatou. Do lado de cá, mortos sob os escombros. Do de lá, mortos de fome. Empatou de novo. A grana contra a fé. A força contra a barbárie. A hipocrisia contra a demência. Tudo empatado. Empatado. Apita esse jogo juiz! Chega. A gente quer dormir!

E também estou cansando de tantas informações ideológicas. De tantas análises. São mais lenha na caldeira do pêndulo. Cá e lá. Lá e cá.

Os dois lados mostrando os dentes, os músculos, as lágrimas, o ódio.

Para cima e para baixo, conversas de gabinetes constróem estratégias, diplomacias, artimanhas. Castelos de cartas.

É preciso que essa guerra, simétrica ou assimétrica, vire dessimétrica. Ou seja, que algo de espetacular aconteça. Algo maior, mais terrível, mais surpreendente, completamente desproporcional. Um dilúvio, um apocalipse, uma revelação. Uma bomba de Hiroshima só que mais original que essa já está manjada.

Uma coisa grande seja capaz de quebrar essa engrenagem diabólica do bem contra o mal, qualquer que seja o lado em que ele se encontre. E não importa tampouco onde. Lá ou cá, cá ou lá. Cá e lá.

Rezo para que venha do espaço. Do além.

Ou, quem sabe, de uma tosca manjedoura. Quem sabe, quem sabe.

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