Que High-Tech que nada.

Acho que deve ser por conta de tanta ficção. Passamos a nossa vida esperando e sonhando com naves interestelares, túneis do tempo, comunicadores interestelares, cones do silêncio, androïdes gostosas e torradeiras voadoras.

Então veio o computador e nos jogamos lá dentro, famintos. Mas a coisa estava meio burra ainda, cada um na sua e com nada em comum. Pois não é que inventam um negócio que une tudo e fala a mesma língua? Essa tal de Internet ia mesmo ser demais. E lá vamos nós mergulhar nesse troço de cabeça.

Melancólico engano.

Dos computadores eu nem quero falar por conta dos urros que acabei de dar com o coitado do Joazinho do suporte técnico, como se ele tivesse alguma culpa das minhas expectativas frustradas com relação esse progresso mirabolante que nos prometeram.

Mas quem já ensaiou trabalhar com Internet sabe bem do que falo. Não existe nada mais primitivo e experimental do que essa coisa.

As vezes, nos sentimos como se estivessemos a luz de velas atrás de uma bancada cheia de provetas e sapos arreganhados.

Daí inventam um monte de teorias, esquemas, fluxogramas, pesquisas e testes infalíveis. Depois aparece um cara, que do alto de seus power points animados, arrota regras com o dedo em riste.

Bla bla bla bla bla. Tudo bla bla bla. Que raiva que me dá.

Porque os bla bla bla se resumem sempre a dizer: faça o fácil, faça o óbvio, faça o já feito, não invente, não experimente. Essa agatemelização me dá nos nervos.

Me recuso a aceitar que tem que ser assim. Me recuso a aceitar que a Internet é isso que vemos. Essas coisas caretas e chatas.

No final da palestra, tem gente que volta pro laboratório escuro fumegar mais algumas explosões. E da mão desses alquimistas, da mão desses artesões, surge, assim de vez em quando, uma idéia. Toda chamuscada, tadinha, mas como brilha.

Nisquenta, a culpa é do Julio Verne, do Meliès, do George Lucas.

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