A memória e a propaganda.

Tema mais esquisito esse. O assunto da memória parece coisa de pantaleão-de-pijama-na-cadeira-de-balanço. Se a propaganda é um organismo com extraordinária capacidade de reciclagem, propaganda e memória parece que não ornam.

A propaganda é um reflexo exponencial dos movimentos, gostos e pulsões inconscientes dos consumidores. Propaganda é o já, imediatamente, agora. Seu prazo de validade tende a ser limitado. O Grand Prix do ano passado já tá cheirando a mofo.

Propaganda tem mais a ver com moda, no sentido nobre da palavra, do que arte. A moda é incrivelmente dinâmica e efêmera. E não é porque a indústria quer impor um ritmo histérico de renovação dos guarda-roupas. É porque o homem moderno é assim, quer mudar, trocar, avançar. O registro da arte é outro. A obra de Duchamps nos parece incrivelmente atual e oportuna. Ainda perturba e interroga. Meias soquetes com purpurina ou gravata de crochê são velhas, bregas, feias.

Parece que a propaganda, despreza sistematicamente a memória.

E daí, vemos coisas engraçadas.

Vemos idéias recicladas aos montes. Os azedos chamam isso de “chupada”. Prefiro dizer que são surtos amnésicos.

Ou festival que não premia uma idéia um ano e resolve premia-la no ano seguinte, porque algum desmemoriado se esqueceu de ler o regulamento e fica inscrevendo até ganhar.

Mas a coisa mais hilária de todas é quando a mesma idéia ganha duas vezes. Pensando bem, talvez seja justo. Como se fosse um prêmio “in memoriam” a uma idéia (morta, claro).

E não adianta me pedir para dar exemplos. Já os esqueci.

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