A subversão é o motor.

Estou preparado para receber pilhas de e-mails de leitores indignados. Na verdade, já estou acostumado com esses arroubos de moralismo e raciocínios politicamente corretos. Acostumado é um eufemismo. Estou é com eles até as tampas.

Mais de duzentos anos atrás, histéricos revolucionários disseram “Todos os homens são iguais”, na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Hoje, ninguém teria o topete de colocar em questão tal princípio. Entretanto, não foi assim no século XVIII. Negros e mulheres são iguais aos homens brancos? Uma idéia herética como era aquela de que a Terra não era o centro do Universo ou a que Deus é amor.

Pois a Internet nasceu e desenvolveu-se sobre o mais vulcânico dos ideais. O mais revolucionário, subversivo e chocante. O de que, a exemplo dos ideais iluministas, todos têm iguais direitos à informação, independentemente de credo, raça, poder econômico e herança genética.

Essa é a premissa básica da criação de uma rede mundial de informação em tempo real. O princípio gerador, o big-bang.

No fim da escravatura, abolicionistas brandiam os direitos universais do homem em todas as praças. Muitos espernearam: “A sinhazinha do Engenho Fundo teria que lavar suas calcinhas? Que revoltante!” Em outros meios, moderados alertavam: “Mas o que será dos contigentes de escravos agora alforriados? Morreriam de fome?”

Fez-se a abolição, e muitos ainda dão um crédito mal-assumido às teses de que que a abolição é a principal causa das iniqüidades raciais do País. Ninguém mais, contudo, em sã consciência, teria a coragem de pregar a escravidão.

A Internet é a insidiosa semente de uma nova ordem da sociedade. Aquela sociedade em que direitos e deveres dos cidadãos serão revistos e ampliados. Aquela sociedade em que as insitituições, privadas e públicas, terão seus campos de atuação e defesa redesenhados.

Um mundo em que todos têm igual direito à informação significa um mundo que irá repensar outros muito arraigados. Como o direito à privacidade. Como o direito à propriedade intelectual.

Ainda que esse mundo utópico possa nos parecer distante e contra o qual bem-pensantes de todo o mundo irão se manifestar, já há sinais claros de perturbação da ordem. A pirataria e o SPAM são os vilões da vez.

Sábio aquele que neles vêem apenas sinais precursores.

Fumaça, pois o fogo está mais embaixo.

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