O ataque dos clones e a mídia.

É a mídia que está ficando a cada dia mais careta ou as pessoas? Tudo é politicamente correto ou, traduzindo, moralista, babaquista. “Quem tem muito poder, tem muita responsabilidade”, diria o moderno Spider Man. Coisa mais chata não tem.

No cinema, grande público é assim: um homem ama uma mulher, se apaixona por outra e, como por encanto, deixa de amar a primeira. Isso é assim mesmo, na vida real? Lembra do Dr. Jivago que amava duas lindas mulheres e nunca teve que escolher?

Outra. Drogas é horrível, deprimente, um terror. Então, toda cena que envolve o assunto tem que mostrar a sarjeta, a lama, a privada emerdalhada. Será que é assim na vida de todo dia? Lembra de “Jesus Cristo Superstar” ou “Laranja Mecânica”? Como os milhões de consumidores de drogas no mundo são masoquistas, não é mesmo?

Será que o assunto não é um pouco mais complexo?

A idéia de que a mídia tem uma função social e didática, que é o quarto poder, fez com que perdêssemos qualquer capacidade de análise. Adeus às sutilezas.

E o mundo fica a cada dia mais chato, monótono, equacionado, enquadrado.

Pior é que quando olhamos as pessoas a nosso redor, as pessoas de carne e osso, cheias de dúvidas e inseguranças, pulsos e reflexos contraditórios, quando olhamos para nós mesmos, com os olhos de dentro, nós é que parecemos personagens de ficção. E, no cinema, na novela é que temos as pessoas de verdade. Na propaganda é que tem gente de verdade.

Para dar um passo além do riscado, tabulado, pesquisado, “Ai, meu Deus, que medo!”. Parece que sabemos tudo do consumidor. Sabemos que ele sempre pensa ou branco ou preto, ou sim ou não. Não existe cinza nem talvez.

E, se as pesquisas pensam pela média, o marketing também pensa pela média, e a propaganda faz propaganda média. Só que a média entre 10 e 0 é 5. A média entre 2 e 8 é 5. A média entre 5 e 5 é 5. Sacaram?

O credo fanático pela pesquisa transforma os consumidores nos clones de Boba Fett, do “Star Wars”.

Uma pessoa de comunicação devia ter em seu currículo mais Fla X Flu e menos Kotler, mais David Lean, Orson Wells, Bergman, Woody Allen, Almodóvar e menos reunião de integração, mais literatura, filosofia, psicologia e menos grupos de pesquisa.

Quem sabe, assim, um dia, a propaganda volte a falar com gente de verdade e não com um bando de robôs binários.

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