Rede Globo: resistindo ao dogma.

Por vezes, as equações funcionam tanto que esquecemos como elas funcionam. É natural. Perigoso, porém, é quando passamos a adotá-las como teoremas, portanto, inquestionáveis. E novas equações são construídas sobre equações / teoremas e assim sucessivamente, até perdermos completamente a capacidade de recuperar os teoremas primordiais, aqueles que permitiram a primeira equação. Devemos lembrar, ainda, que aqueles teoremas, os primordiais, estabeleciam em que circunstâncias eles eram verdadeiros. Em determinado momento, contudo, as circunstâncias mudam, e continuamos com as mesmas equações que já viraram teoremas.

Vamos falar da equação “Quanto mais simples e básico o conteúdo, maior a audiência”. Era uma simples equação ou um credo da grande mídia. Virou teorema ou dogma.  Teoremas e dogmas não se discutem.

A mídia de massa, a grande mídia ou a maioria dela, azeita-se por essa implacável lógica. Pior, o crítico deixa lugar ao cínico, e a programação descamba para o mais básico dos básicos, o primário, o primata.

Entretanto, a televisão brasileira não é mais apenas mídia de massa, é uma mídia universal. Onipresente e onisciente. A televisão é, no Brasil, o Olimpo da informação, do entretenimento, do conteúdo, da educação, da cultura.

Reflitamos um pouco sobre a massa, a audiência universal de dezenas de milhões de fiéis adoradores deste Olimpo. Como um indivíduo, sozinho, controla seus impulsos e reflexos básicos? Pensando. Pois, se isso é válido para um indivíduo, a lógica é inversamente proporcional quando a essa pessoa se somam outras e outras e outras. A massa não pensa, logo, não tem capacidade de controle dos impulsos e reflexos básicos. Somando a isso o fato de a televisão ser uma mídia de natureza “passiva” e aquele credo ou dogma da audiência, conclui-se facilmente que a baixaria é o que pega.

Posto o cenário, existem, no entanto, diferenças quando olhamos para o particular. A televisão, ou melhor, as emissoras não são todas iguais e não exploram o cenário com a mesma intensidade cega. Uma em particular ainda fundamenta sua produção em princípios que fazem uma resistência inteligente à vulgaridade.

Seu padrão de qualidade ainda preserva o valor de entender que as circunstâncias mudaram, tanto com relação ao conteúdo – por vezes combalido e dramaticamente arranhado – quanto à política comercial. Ele também leva em consideração o fato de a televisão não ser mais só uma mídia de massa, mas uma mídia universal. A emissora sabe que ela é, no Brasil, o Olimpo da informação, do entretenimento, da educação e da cultura.

Sorte nossa ela ser a líder.

0 thoughts on “Rede Globo: resistindo ao dogma.

  1. @luancats Mas acho que depois do troço ter ido pra midia e alem do mais, nós ficamos com fama de malucas, já chega. Eu morro de raiva, mas..

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