Internet: o maior brechó

O que é novo? O que é original, pioneiro? O que é surpreendente, revolucionário, genial?

Há algo de novo nas pessoas, no mundo e nos sonhos coletivos ou individuais? Por que errar à caça de algo que vença a alienante monodorna cotidiana? Por que o jogo de fingir encontrar? Por que iluminar-se com a descoberta fugaz? E por que seguir peneirando vulgaridades?

Prometeram-me uma revolução, uma rede de expressão democrática e subversiva. Prometeram-nos um universo em expansão, sedutoramente virtual e sem fronteira. Prometeram uma válvula de escape.

A Internet fez promessas e não cumpre. Talvez porque ela não seja esse balaio todo. Porque provavelmente ela é apenas um balaio, sem fundo. A Internet não foi feita para entregar o novo embora ela desfarce a expressão da banalidade com um aparato tecnológico e muitos discursos iluminados.

Mas e o novo?

Talvez o novo não esteja disponível. Talvez ele sequer exista, em estado puro. O novo é sempre um ponto de vista, um ângulo, um filtro. O novo não é novo, está novo. E para isto, precisamos de uma plataforma de velhas coisas, muitas velhas coisas, todas as velhas coisas, infinitas velhas coisas. Essa plataforma, a melhor delas, a mais infinita, se chama Internet.

Mas não basta. Precisamos também perguntar ao velho. A Internet existe para nutrir nossa atávica, incontrolável, reflexiva necessidade de perguntar, perguntar e perguntar de novo. A Internet não está aqui para dar respostas. Pouco importam aliás. É preciso perguntar, sempre perguntar. A Internet só serve para nos dar a ilusão de que existe saída para nossa dramática condição de humanos à procura do novo. Ilusão.

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