Big-bang

Dizem que um dia o mundo vai entrar em colapso. Gente de mais, recursos de pouco. Trânsito de mais, vias de pouco. Atividades de mais, tempo de pouco. Informação de mais, mente de pouco.

Isso seria verdade se a gente contrariasse a mais básica de todas as leis econômicas: a lei que a oferta é regulada pela demanda. A gente deveria aceitar que a oferta é que determina a demanda. Pois a constatação mais verdadeira, de quem trabalha com comunicação e propaganda, é que a oferta não cria demanda. Muito raramente influencia a demanda. Geralmente só auxilia a escolha.

Isso também seria verdade se negássemos a velocidade astronômica das expansões: da populações, do espaço, da riqueza, da expectativa de vida, dos recordes olímpicos, da maturidade das crianças. Cada vez mais gente no mundo; cada vez mais espaços ocupados ou fragmentados; cada vez mais velhos morremos; cada olimpíada é mais veloz, forte e bela e minha sobrinha de 5 anos já sabe biológica e sexualmente como se faz um bebê.

Isso talvez fosse verdade também, se não gostássemos de forma infinita de coisas novas, experiências novas, pessoas novas. Se não quiséssemos saber mais sobre tudo. E se o tudo que conhecemos sobre tudo não fosse tão pouco. E se o tudo não fosse ele mesmo infinito.

A expansão é condição da existência. Quando deixamos de expandir, deixamos de viver. Quando uma pessoa deixa de ter curiosidade, deixa de querer mais, saber mais, sentir, mais e sofrer mais, ela está morta. Como o universo. Que cresce até não mais poder. Há bilhões.
E que isso sirva de atestado de envelhecimento para muitas contrações. A censura, por exemplo. A caretice, por exemplo. O preconceito, por exemplo. O direito autoral, por exemplo.

Que isso sirva de atestado de desajuste social para todos aqueles que pregam a permanência e a tradição.

Que isso sirva de atestado de óbito para as mídias escassas.

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