A última tendência é o “new brega”. Qual seja, uma montagem, um patchwork, um mistureba aleatória de tendências, um tapa de enlouquecer os radares. Ou simplesmente, new brega é ser total tendência.
Na moda é assim: “ah, eu tenho meu jeito, meu estilo, minha atitude” e isso significa, na prática que combino a sandalia de plástico vagabunda com a calça grifada devidamente customizada, o cinto de “peoa” de boiadeiro, o top de cocota, colares de funkeira, banlangadãs panteístas nos braços, penteado escorrido, maquiagem dancing days, trejeitos de big brother e linguagem pseudo-intelectual.
A tendência é não ter estilo ou ter estilo demais.
Nas casas é assim: “ah, achei tão lindo aquele sofá indiano, aquela cômoda Maria I, aquele lustre de cristal francês, aqueles banquinhos de anão, e pra dar aquele ar despojado, chique toda a vida, um realengo com papagaio empalhado”.
A tendência é todas as tendências, agora imediatamente.
Na televisão é assim: “a mulher meio careta casada com um cara mais velho, dorme com sua empregada, vai pra parada gay disfarçada, usa mini saia no confessionário, rouba dinheiro do marido, faz aula de moralismo cívico e paga seus impostos em dia.
A tendência é o des-padrão, a ética relativizada e os valores mutantes.
Na propaganda é assim também: um comercial cheio de dançarinas de cancan cantando um pancadão, apresentadas por um almofadinha grisalho, com uma vaca voadora beijando a bunda de uma gogo girl, luz de vídeo amador, com produção de musical à la Ester Williams, e claro, um pack shot careta com call to action e tudo.
A tendência é a miscigenação, as influências mutantes, as estéticas fragmentadas, as idéias fugidias. A tendência é seguir as tendências.
E tem, claro, o new brega em tudo, na música, na literatura, nas artes, no falar, no andar, no amar, no rezar etc.
É isso o new brega. New brega é o tudo. É o oposto do estilo, do coerente, do lógico. Mas não é só isso, claro, porque essa definição se refere apenas ao “New” que podemos chamar de outros nomes, mais sábios, mais intelecuais, mais cool, mais tendência, menos brega.
Mas o new brega tem um refinamento adicional que faz toda a diferença. O new brega é a saída do armário definitiva dos gostos, preferências e impulsos. Quase uma hora da verdade.
Mas é a grande chance que temos, todos, de ser brega o quanto somos ou quisermos. Afinal, o New Brega agora é 100% tendência.
Mas será que ser tendência é que é brega? O compromisso de ser tendência falta com a força vital chamada liberdade? E se o new brega fosse o óbito das tendências? Já vão tarde.