A historinha é assim: um dia, alguém escreveu pro Vicente (editor do Webinsider) me detonando. Disse que eu tinha enlouquecido e que estava estragando o site. Ele não me contou (sabe que adoro um briga), agradeceu gentilmente o xingador, mas perguntou por que tanto ódio no coração. O dito indivíduo desculpou-se do ímpeto descontrolado.
O que se descobriu depois é que o apaixonado leitor chupava in-te-gral-men-te meus artigos e assinava com seu nome num portal por aí. Mas, por que esse autor inspirado tinha resolvido me criticar, se eu era sua fonte? Ah, bingo: o artigo que não agradou chamava-se “Sexo virtual”. Como é que um leitor tão fiel iria se apropriar de conteúdo tão – digamos – explosivo? polêmico? obsceno?
“Como é que pode? Será que o Fernand enlouqueceu, Vicente? Coloca ele nos trilhos, senão eu perco a inspiração!”
Dei muita risada com essa história. Achei linda e inspiradora.
Sempre acreditei na máxima “Postou, é da galera”. E continuo. Mas também me deu lenha pra pensar mais um pouco.
A Internet é um retrato muito expressivo de uma mudança de mentalidade radical. Antes, as pessoas criavam e possuíam o direito de serem autores da criação. Antes, copiava-se, e a obra era obra e a cópia era cópia. Hoje, as pessoas criam e perdem o direito à autoria. Hoje nada se copia, é tudo “inspiração”.
E não me leiam como se eu estivesse sendo irônico ou sarcástico. Muito pelo contrário. Eu estou sendo otimista. Acho isso ótimo. E, mesmo que não achasse, o que eu poderia fazer? Gritar, chorar, brigar? Para quê?
Acho ótimo porque o real valor passa a estar na capacidade de criar e não na criação em si.
Copiar é ótimo. Mesmo quando é uma cópia disfarçada de obra. Melhor a cópia do que o nada ou o pouco.
Melhor porque difunde-se qualidade. Melhor porque democratizam-se idéias. Melhor porque dividem-se experiências. E principalmente melhor porque quem cria, de verdade, é obrigado a criar mais e mais, sem parar.
Só há um perigo nisso: achar que chupar e criar são a mesma coisa. Porque de tanto acreditar nisso, a gente acaba copiando o que não presta. E a gente acaba se “achando”, mesmo não prestando pra nada.
Moral da história: chupe à vontade, sabendo que está chupando. Assim, um dia, você acaba criando. Funciona e é muito mais divertido.
@todaboba Ouuuuu… eles comseguiram que eu fizesse propaganda gratis, e tb acharam que eu ia escrever sobre no blog hauheuahueha