Debate político é um Fla X Flu

– Oi Maria,
– Oi Seu Fernand.
– Mas o Lula tava demais ontem não?
– Tava?
– Nossa, ele foi bom!
– Foi

Pouco depois:

– Você viu o debate?
– Vi. O Geraldo foi incisivo.
– Foi?
– Ele destruiu o Lula.
– Destruiu?

Quem aqui lembraria de um único googleplex apavorante vomitado ao longo do debate? Quem sabe quanto um investiu nisso ou o outro naquilo? Quem pagou quanto de propina para quem? E quem é mesmo que queria resposta para as perguntas? Aliás, quem é que ouviu as perguntas? E as respostas?

Um rubro-negro e um tricolor no mesmo estádio, no mesmo dia, no mesmo jogo. No mesmo jogo? Era não. Flamenguista: “O Flamengo arrasou”. Fluminense: “O Flu destruiu”. O ou contrário, mas o certo é que não estiveram no mesmo jogo, mesmo estando.

Então quem ganhou o jogo? Detalhe. Quem ganhou o debate? Detalhe. Ninguém convenceu ninguém. E também quem estava interessado em convencer? Era o prazer do debate pelo debate, do jogo pelo jogo. Era só prazer de arrumar desculpas para as derrapadas do seu candidato e anabolisar os seus ataques. O prazer de mangar das incoerências do adversário e injuriar-se com suas acusações.

Então quem tinha razão? Mas o que a razão tem a ver com isso? Coitada, a razão é tão lenta! Quase burra. A emoção é rápida, envolvente, tão mais inteligente!

A razão até convence, mas leva um século. Ou quatro. Mais pelo cansaço do que pela verdade.

A verdade é uma nuvem de fumaça. E as escolhas, inclusive políticas, pouco têm a ver com reflexões ponderadas. No fim, a gente vota na emoção. A gente também se defende na emoção e até se arrepende na emoção.

Quem mudou seu voto, no debate, mudou pelo sorriso ou pela careta, pela violência ou afago, pela pena ou paixão.

Decisão política é coisa do coração, de crença, de fé.

Cogito ergo sum, uma ova!

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