Blogo logo blogo

Deve haver um google de blogs na Internet. Estima-se que a cada minuto, a blogosfera vai parir um novo speaker corner mundo afora. É sem dúvida uma das mais fantásticas ferramentas de livre expressão de que se tem notícia na história da humanidade. Os blogs desafiam as leis, a imprensa, as corporações, as individualidades. Colocam em xeque a história, as verdades canonizadas, o tempo e o espaço. Destroem e edificam reputações, mitificam e aniquilam personalidades, falsas ou fictícias. Provocam catarses, subvertem as éticas, elaboram conspirações subterrâneas.

Essa onda é o consciente coletivo da era de aquário.

É tão assustadoramente revolucionário que por vez submerge nossa auto-estima e segurança. A blogosfera, filha atomizada da imprensa, destrona seu poder.

Para que espécie de humanidade caminhamos? Uma humanidade de infinitas opiniões e debates? A blogosfera é a expressão mais extrema da democracia ou da mais enebriante anarquia?

E se tudo não passasse de um fim de tudo? A volta ao caos?

Mas não percamos o sentido da crítica e da polêmica.

Não existe nada mais infértil do que a imensa maioria dos blogs. Falo desse moto-continuo de repetição poluidora. Blogs e mais blogs que são o espelho deformado uns dos outros. Um tosco copy-paste. Um “blogo logo blogo”.
Na defesa dos blogs, poderíamos invocar a função curadora dos conteúdos postados. Sim, cada blogueiro é um curador de conteúdos e a deliberada e raciocinada escolha é, ou poderia ser, em última análise, a expressão de uma opinião.

Mas a tentação e simplicidade do recurso é tamanha que tenho lá minhas dúvidas da honestidade ou consciência do raciocínio.

Não caberia, porque quixotesco, elaborar um manifesto anti-blogosfera. Não caberia tampouco porque os Blogs são a alforria da opressão, da desigualdade e das injustiças.

Não caberia porque “blogo logo existo”.

Talvez, no entanto, seja oportuno revelar ou ressaltar a enorme oportunidade que, a livre manifestação, através da blogosfera, suscita.

Talvez seja oportuno apelar e dizer que os blogs são, antes de tudo, um fermento do raciocínio e do pensamento, das idéias, dos argumentos, da imaginação, da poesia.

Ao invés de reproduzir ad-perpetum informações, muitas das quais “anonimizadas” voluntariamente, que tal ser mais antropofágico? Digerir antes de copiar. Enfim, usar o cérebro.

Assim talvez, possamos mais frequentemente dizer “penso logo blogo”.

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