Sexo virtual, fim de papo

Muitos anos atrás, uma revista bacana me convidou a colaborar. Aceitei o tema livre de imediato. Resolvi falar sobre comportamento online. No primeiro artigo, recebi a seguinte avaliação: “nosso leitor é uma pessoa outdoor, que se realiza em atividades esportivas e culturais. Não curte essa coisa de computador”. Esses eram os termos aproximados do recado. Enfureceram-me confesso muito mais por ter me qualificado de troglodita digital do que pela miopia neo-hippie.

Até hoje, o hit parade dos meus artigos chama-se “namorodromos existem”. Bem que eu gostaria de ser uma espécie de Palmirinha da cibercoisa e ter compaixão e senso de humor suficientes para responder calmamente às dezenas de comentários que recebo até hoje sobre esse texto decano.

Mas hoje não tem mais polêmica ou mistério supor que muita gente – quase todo mundo – se relaciona através na Internet e que esse relacionamento ultrapassa em muito as fronteiras da decência vitoriana. Inclusive os surfistas da revista que me rejeitou.

Uma coisa é elaborar uma hipótese qualitativa razoavelmente embasada em meia dúzia de buscas, outra é escancarar um numero.

A penúltima pesquisa F/Radar de agosto de 2008 quis perguntar para os sessenta e cinco milhões de brasileiros que têm acesso à Internet no país se eles já tinham se relacionados intimamente com pessoas que tinham conhecido virtualmente e também se tinham tido alguma troca, digamos, mais intensa.

11% responderam afirmativamente à primeira questão, (segundo recente pesquisa do Ministério da Saúde, 7,3% da população adulta do país já conheceram um parceiro sexual pela Internet). Como sempre nesse tipo de pergunta embaraçosa, é de duvidar da resposta honesta. Portanto, o truque é indagar para as pessoas, na sequência, se “conhecem quem fez sexo com alguém que conheceu na Internet”. A resposta mais que dobra: 38%, ou seja, 24 milhões de pessoas. Já sobre o tal sexo virtual, 25% das pessoas (16 milhões) já fizeram ou conhecem quem já fez.

Como esse número não foi publicado em lugar algum, achei interessante divulgá-lo. Não apenas para encarnar o fantasma quantitativamente, mas simplesmente para encerrar o caso. Não interessa mais falar nesse assunto. Não é caso de vergonha pública. Só normalidade, sem interesse.

0 thoughts on “Sexo virtual, fim de papo

  1. Já passei por um caso engraçado, conheci minha namorada pelo Flickr/Twitter e toda vez que falo que conheci alguém pela internet ou que vou conhecer, ela meio que fica arrepiada, quase um preconceito. Não entendo…

Leave a Reply to Jardel Cancel reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Connect with Facebook