Um veículo loteia um espaço que coloca para alugar. Uma agência recomenda lotes a um anunciante, usando cálculos do retorno comercial potencial do ponto. Por essa intermediação e consultoria, paga-se uma comissão. Uma agência de propaganda é uma imobiliária.
Sobre o lote locado, o anunciante irá estabelecer-se. A agência, geralmente a mesma, irá desenhar o projeto a ser instalado e fará o agenciamento dos fornecedores diversos, encarregados de colocá-lo de pé. Por esse trabalho também paga-se. Uma agência de propaganda é também um escritório de arquitetura.
O que irá ser colocado no lote é da conta exclusiva da agência e do anunciante, respeitadas algumas normas legais.
É assim que funciona a propaganda.
Agora imaginemos que os pontos disponíveis se multipliquem rapidamente, que haja uma espécie de reforma agrária dos espaços de mídia e milhões de pequenos proprietários dividam a audiência da freguesia com os latifundiários do passado. A Internet é essa bagunça aí.
Como iremos recomendar com técnica os melhores lotes? O que iremos desenhar para esses infinitos lotes?
Os lotes disponíveis são agora infinitos, muitas vezes secretos e na enorme maioria possuem uma gestão familiar, informal, sem norma nem padrão.
O que irá ser colocado nos lotes não é mais da nossa exclusiva conta porque, na Internet, o padeiro faz pão e cuida do caixa, o pedreiro é também encanador e marceneiro. O dono do pedaço é ao mesmo tempo editor, e comercial. Ele faz e vende. Ou faz o que vende. Ou vende o que faz.
E nós, com nossa técnica e talento, corte mimada num antigo regime cheio de ordem e privilégios, a propaganda e seu charme pré-fabricado está à beira do cadafalso cada vez que invoca seus herdados princípios e valores.
Há muito mais de relações públicas na nova propaganda do que suspeitam nossos vaidosos feitos.
Há muito mais de jornalismo na nova propaganda do que sonha um anuário de festival.
O novo publicitário, o novo mídia, o novo criativo e o novo planejador têm muito mais a aprender nas redações dos antigos latifúndios do que nos escaninhos e pranchetas das imobiliárias.
Fernand , poucas vezes discordo de voce , te acho genial , adoro seus posts, mas usou um assunto tão impregnado de significados e tão frustrado nos objetivos desde a origem, para parodiar outro com uma aura de vitórias e sucessos. Me pareceu exagero de criatividade conseguir tal feito.
Voce superfializou um tema complexo demais. Com a genialidade da sua escrita atinge o ponto da discussão, deixa clara sua idéia.
Mas sera que voce poderia usar outra metáfora para isso? Porque se uma esta baseada na miséria ,mesmo, e não pobreza , sem glória ou glamour algum, a outra vive disso.
Me soa como universos que imcompativeis .
Vc talvez tenha razão. O título é um pouco sensacionalista, mas o significado q eu queria era muito literal.
Em outras palavras, esse loteamento ilimitado que a Internet proporciona cria sérios problemas não só para a imprensa (que não sabe mais como se fazer valer) mas para a propaganda (que não sabe mais como recomendar os meios adequados). Por isso, o que eu quis dizer é que essa “reforma” q distribui a mídia em milhões de espaços é o “fim” da mídia e da propaganda tradicional. A referência “agrária” era para ficar na metáfora q usei para qualificar as mídias (latifundiários são os grandes veículos).