É proibido dizer “internet é barato”

Os professores pardais de fralda e as amigas nerds da maga patológica renovam o paradigma que acomete o mercado de produtores de comunicação e conteúdo na Internet: é mais barato. Ainda grassa o argumento de que investir na Internet significa, antes de praticidade, antes de pertinência, de foco, de abertura de novas interfaces e clientes, economia.

Embora existam mais de 60 milhões de pessoas que acessam a internet com freqüência no Brasil, o ambiente permanece sendo um pântano e talvez seja essa mesma a sua natureza. É difícil navegar num terreno tão instável a não ser com mente de explorador. Experiência significa risco e risco significa dinheiro. Não pode ser barato. O primeiro viés de análise nunca pode ser a economia.

Há alguns anos atrás, ainda era aceitável que, diante de uma fronteira assustadoramente revolucionária, os decisores encafifassem suas decisões por detrás da ignorância: se custar barato, vá lá que seja, vamos ver no que dá.

Mas lá se vai uma geração inteira desde as primeiras experiências e já se renovaram as cabeças. Muito pouco mudou de lá pra cá a não ser a vulgarização. Hoje todos falam em nuvem de presença, de colaboração, co-criação, branded-content, por exemplo, como se fossem a pólvora. É bom que essas idéias virem clichê, só não são novas. É bom que os neófitos arrotem teorias e uma selva de referências blogais. Economiza um tempo danado. Os  evangelizadores cansaram. É melhor lidar com a arrogância do novo alfabetizado do que com a ironia do velho careta. Prefere-se engolir uma aulinha do que um sorriso de desprezo.

Mas o que não orna com a nova geração nem com com os reciclados dinos é continuar comprando na xepa. E se tem xepa é porque tem gente vendendo barato.

São lindas essas novas-velhas fronteiras. Mas são difíceis, trabalhosas, com entregas complexas , demoradas, necessariamente caras.

Ou então, é isso aí: o fim da feira é barato, meio podre, e dura pouco.

5 thoughts on “É proibido dizer “internet é barato”

  1. Belo texto este seu! Retrata fielmente o que é o “segmento digital” atualmente…

    Trabalhei na General Motors durante muito tempo e fiquei 2 meses no departamento de planejamento de comunicação e marketing de serviços… E fiquei impressionado com a maneira que a agência “digital” tratava a questão digital! Só favorecia a percepção de PSEUDORECURSO da comunicação dos diretores… gerentes… e analistas!

    O discurso era predatório… diziam que tudo em digital era barato! Passavam uma sensação de efemeridade… cheguei a ouvir como justificativa de um diretor de criação “seremos mais um dentre tantos” no famoso job “VIRALZINHO”… a final a verba é curta? FAZ VIRAL!

    Palmas pra você! Já dei um RT no twitter! E parabéns novamente!

  2. Pior de tudo que as pessoas sempre querem algo muito bom, por preço muito baixo e pra agora. O pessoal precisa entender que a teoria do PQP funciona pra tudo.

    Preço
    Qualidade
    Prazo

    Escolhe 2 e a gente começa a conversar.

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