Censura combina com CQC?

O jornalismo é a profissão de dilemas de consciência medicados com cabrestos éticos e regras de conduta. Afinal de contas, além de escarafunchar, debater e analisar os fatos de sociedade, o jornalista torreia seus impulsos e epifanias para que o retrato seja limpo, claro, inequívoco e acima de tudo, honesto.

Assim rezam os ortodoxos.

Mas nos tempos da mídia espetaculosa e seus rolos compressores de audiência, o homem atrás da notícia também estrela a pantomima do carisma. A observação, a  análise, são o palco da intenção e opinião. O script deve cativar e emocionar. Sensacionalismo oblige.

Assim doutrina a mídia de massa.

E eis que surge o big bang: os meios de distribuição de informação explodem ao infinito e os públicos se esfacelam. Quando existe um jornalista potencial atrás de cada cidadão, quando existe um órgão de imprensa em gestação por detrás de cada browser aberto, o ofício quebra todos os juramentos. Improvisa-se com seus próprios parcos meios e métodos.

Todo mundo que já é técnico de futebol vira jornalista.

Temos também um híbrido de tudo isso. O jornalismo honesto, carismático e caseiro, mais conhecido como jornalismo pentelho e mal educado. Aquele jornalismo com pose de inocente mas cheio de malícia. Mascarado atrás de um humor imberbe, ridiculariza-se o mundo, os fatos e as pessoas. É o jornalismo do senso comum e da obviedade ululante.  Quando a inteligência, o carisma e o improviso estão a serviço da sabedoria de boteco, o desperdiço de talento desopila o fígado mas cansa.

Há espaço e utilidade para os doutos vovôs, os super stars maquiados e os palhaços.

Na coluna do Ancelmo Góis de ontem, um repórter do Globo entrevistava um integrante do CQC à La CQC. Nada demais, mas engraçado. E lá fui eu, indicar o link para ilustrar esse post. Mas vejam que curioso: o vídeo indica: “esse vídeo não está mais disponível devido a reivindicação de direitos autorais da Rafinha Productions”. Quem é Rafinha Productions?

6 thoughts on “Censura combina com CQC?

  1. como se não bastassem os técnicos de futebol, os jornalistas, os especialistas em aviação, agora todo mundo pode ser censor também.

    também… aqui qualquer um pode ser presidente da república. é só ter ‘governabilidade’.

  2. O início do texto fez o Pierre Bourdieu se revirar no caixão. Ótima lembrança.

    Abraço.

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