Na semana passada, o Ibope revelou seus novos números sobre o acesso à Internet. Milhões de pessoas, em menos de um mês, passaram a acessá-la, segundo o instituto. O brasileiro é extremamente precoce, rápido no aprendizado e todos os dias descobrimos novos rincões inexplorados, no pais. Ainda deve ter muita gente brincando de esconde-esconde com as metodologias de pesquisa.
Pesquisa é uma questão de ponto de vista. Mas para que serve? Se a torre de controle já sacou que quase todo mundo acessa a Internet, imagina se aterrissarmos no Brasil de todos os dias.
“A maioria dos conteúdos da Internet é em inglês mas, embora isso cause alguns problemas de inclusão digital, isso vai ser resolvido, a nível de Brasília”.
Essa tal de rede é muito popular, isso o Ibope garantiu, além de outras características muito interessantes como por exemplo de que as pessoas ficam muito tempo conectadas, batendo recordes mundiais todos os dias. Incrível mesmo essa Internet. O Brasil também é muito impressionantemente moderno, rápido e tecnológico. Até os pobres coitados que acessam a Internet fora de casa e que num passe de mágica aprenderam a usar o computador, juntaram-se aos oficialmente conectados.
Mas para que diabo serve esse número? Além de ornar lindas apresentações sobre a pujança do país, além de convencer céticos em extinção, não serve para nada porque a Internet não é nada.
Saber que há 60 milhões de internautas é tão esclarecedor quanto aprender que os brasileiros sabem usar energia elétrica, que torcem para a seleção e que a maioria deles tem dois olhos, uma boca e duas mãos.
O que a gente precisa saber é o que esse povo faz uma vez conectado, onde vai, o que usa, como usa, porque usa. O que a gente precisa descobrir é onde eles deixaram de ir, o que deixaram de usar e porque. Se é que deixaram. A gente precisa saber que povo, ou que povos, são esses.
De resto, “a nível de Brasília”, devem ter ficado muito satisfeitos. Dona Internet também pulou de alegria.
pau no cu dos condenados! rs!! to brinks!
Isso me lembra o dia que um cliente, plano de saúde, resolver sair da inércia e fazer uma pesquisa para descobrir porque a curva estava na descendente, claro, depois de prostituir produto e fazer promoções incríveis.
A resposta era cirúrgica, a chegada do celular no bolso dos clientes, que representava uma nova conta para pagar no final de todos os meses.
Nos preocupamos demais com o digital e esquecemos do real.
Números, números, números. Nos colocam como bois, boiada, gado. Como você disse, entender as pessoas é mais do que isso. Pertinente o seu ponto-de-vista. Bom seria se todos pensassem assim também.
Esses números sobre internet me lembram os números sobre ensino superior no Brasil. Vira e mexe, o Brasil bate recordes de número de alunos matriculados em faculdades.
Conclusão: o brasileiro está melhor instruído? ou tem uma faculdade em cada esquina com preços muito baixos?
No fim das contas, vale mais a produção de conteúdo (pesquisas e patentes) do que o número de matriculados.
E na internet… o que será que o brasileiro está produzindo de bom?