Já se disse que “notícia é tudo aquilo que alguém não quer ver publicado, o resto é propaganda”. Propaganda e imprensa são partidos irreconciliáveis. No limite, a imprensa é o avesso da propaganda – ou vice versa. São dois “do contra” que dividem o mesmo espaço. É por isso que existe uma separação inequívoca entre os dois conteúdos. E a gente aceita que notícia é o que se coloca no avesso da propaganda, ou o contrario. Cristalino e ético.
Festivais de propaganda promovem a escolha dos melhores trabalhos. E melhor quer dizer melhor, comparativamente. Trata-se de comparação entre os trabalhos inscritos. Se o recordista mundial de uma prova não participa de um campeonato, ainda assim haverá um medalha de ouro e ele será considerado o melhor, tenha ele ou não batido o recorde.
Da mesma forma, se peças publicitárias foram ou não eficientes para os objetivos que foram delineados, objetivos de marketing, é rigorosamente irrelevante. Da mesma forma e no limite, se aquilo que se julga foi ou não veiculado, não interessa a mínima.
Por uma questão de lógica o debate do fantasma é estúpido. Festivais não existem para apontar recordistas mundiais de eficiência mercadológica.
E convenhamos, não vamos super-estimar o valor de um prêmio. Não é propriamente a coisa mais importante da nossa profissão, ou não deveria ser.
Que organizadores de festivais vetem a inscrição de peças assinadas por marcas que não foram consultadas ou não aprovaram a participação parece correto. Tratam-se de atos de falsidade ideológica censuráveis.
Mas o que dizer quando os festivais, como que adormecidos, por décadas, num berço ético, ficam furiosos por terem premiado peças não veiculadas? Não teriam aceito dinheiro sujo? O benefício da dúvida é sinônimo de hipocrisia quando tem dinheiro, muito dinheiro (de inscrição) envolvido.
Fernand, discordo. Como a metáfora usada veio do campo esportivo (medalhas de ouro, provas, etc.), o fantasma é o dopping. Outra metáfora muito usada é com a moda: “um desfile de alta costura não necessariamente é o que vai pra rua”. Mas acho que toda metáfora terá um viés, uma lacuna. O problema fundamental com o fantasma é muito mais em relação ao impacto na credibilidade cliente/criação do que com a justiça dele competir com uma peça verdadeira. beijocas!
HAHAHAHAH Pelo andar das metáforas, você tá se saindo um bom Avallone e eu um Chico Lang.
Imaginem o Michael Moore fazendo um documentário sobre a indústria de festivais publicitários. Eu não perderia por nada!!! :-))