De chapéu baixo e girando o charuto entre os dedos gordinhos, o homem se faz anunciar. Sua visita, embora aparentemente intempestiva era aguardada. Negócios após o expediente são mais importantes, assuntos, cuja magnitude, só a calada da noite pode abafar.
– Caro amigo, estamos pois de acordo. Meu silêncio vale muito do mais do que minhas palavras. Os jornais ficarão calados.
A imprensa sempre esteve na intersecção do dinheiro: porta-voz presumida do povo e do poder, seu papel é o calcanhar de Aquiles da democracia. De que vale uma arma se ela só pode apontar para um lado? Assis Chateaubriand Bandeira de Melo muito conhecia o valor de suas coberturas e omissões jornalísticas. Ele cobrava por isso.
O que tem por detrás do canto do cisne da imprensa broadcast são princípios e valores que pairam muito abaixo das nobres intenções.
O que emerge com a explosão da distribuição de informação que a Internet proporciona não é apenas o ruir do negócio da mídia, é o desmoronamento progressivo de um sistema de poder. Não é apenas a rentabilidade das empresas que está em jogo, é uma certa lógica de dominação econômica.
Houve um tempo, ainda recente, em que um jornal, uma revista, uma televisão, barganhavam reputações em troca de mais poder. Ontem ainda era possível – e ainda é –construir impérios econômicos sobre uma articulada e insidiosa estratégia de imprensa.
O mega-fone dos calados está a um login de distância de qualquer cidadão e de todos eles.
Já era tempo de entregar o “quarto poder” ao povo.
Muitos – talvez os mais estridentes – dos que prometem esta entrega querem, na verdade, usar o quarto poder para aumentar seu próprio poder. Uma espécie de imprensa de sinais trocados.
@Heavytinhu Alguns até concordo que são assim, mas tem uns que aproveitam do momento, ceeza! Quando o time tá em crise tb tem midia xD