Mídia é o fim que se usa para comunicar-se com as pessoas. Que se pesem as palavras: “fim”, “comunicar-se”, “as pessoas”.
“Fim” porque a comunicação encerra-se no meio que ela usa para veicular sua mensagem. “Comunicar-se” em oposição a dialogar e “as pessoas” ao invés de você ou eu.
Embora a prosopopéia do marketing e da propaganda adore re-interpretar conceitos com o objetivo de re-inventar as mesma surradas idéias, o rigor das definições se impõe quando se fala das novas, assim chamadas, mídias.
Pois a Internet não é uma mídia porque ela é antes o meio que uma pessoa usa para comunicar-se. Atentemos para a inversão da frase, “meio” ao invés de “fim” e para o singular (“uma pessoa”).
Responda rápido: você usa Internet para? Provavelmente, como 93% das pessoas, “se comunicar”. Só depois de pensar, você dirá, possivelmente, “se informar”.
De novo: você usa o jornal, a TV, a revista para? Por mais tempo que você tenha para responder, sua afirmação vai ser “informar-me”. E, a menos que você seja um Pedro Bó que manda cartas para as redações e vídeos para o Fantástico, você não usa a mídia para comunicar-se.
A Internet não é portanto uma mídia a menos que a gente mude o seu significado. Nesse caso, as “tradicionais” é que deixam de ser mídia.
É precisamente por isso que a gente dá com os cornos quando tenta incorporar a Internet nas nossas estratégias de comunicação. Não é a uma questão de adequação e, pânico-perigo!, não se pode “inserir” a Internet no blábláblá 360 graus.
A comunicação 360 graus talvez seja uma das mais retrógadas idéias que se possa ter sobre a comunicação de uma marca porque parte de um pressuposto centrista, como se os consumidores girassem em torno da marca. Uma hipótese pré-galileu. Pois é precisamente o pensamento inverso que deveria inspira-nos: a marca orbitando, com o cliente no seu centro gravitacional.
É assim na Internet: relações e presenças forçadas de uma marca são abominadas porque, novamente, as pessoas estão lá para falar antes de ouvir, para comunicar-se antes de serem comunicadas.
Internet é um bar (ambiente). E o que se faz no bar? Você se relaciona. O que muitos (marcas) fazem hoje é subir na mesa e berrar que querem vender alguma coisa. Conheçam as pessoas. Conversem com elas, o que significa ouvir além de só falar. Sejam educados e transparentes. Enfim, comecem o trabalho de internet pensando nela como um bar. Dificuldade em visualizar o ambiente? “Bóra” tomar uma! Essa é a minha opinião.