A retórica inflamada é uma arma irresistível, principalmente quando falamos das mudanças que a Internet opera no comportamento das pessoas e nas relações sociais e econômicas. Namorar com o radicalismo decretando a morte da mídia de massa e a falência da publicidade é o parque de diversão de muitos críticos. Nem sempre conseguimos calibrar nossos fluxos opinativos para encontrar alternativas menos dolorosas e preferimos o terrorismo verbal. Esse foi um mea-culpa.
Um fenômeno curioso começa a operar nos bastidores das grandes discussões a respeito do futuro da propaganda, que poderíamos chamar de “complexo do nano sucesso”.
Funciona mais ou menos assim: como está cada vez mais difícil, (por variadas razões), criar nababescas campanhas para grandes marcas com imensas repercussões em audiências colossais, um reflexo psicológico nos leva a supervalorizar idéias com abrangências microscópicas.
Um flashmobzinho, um viralzinho e outros “inhos” (não só na Internet – o álibi barato), mobilizam recursos e expectativas muitas vezes desproporcionais ao efeito alcançado. Os festivais de publicidade, espertamente, já premiam, há muito tempo, essas pequenezas brilhantes.
Alcançar audiências de um dígito na televisão é fácil, gigantesco feito é conseguir dois dígitos, múltiplos da dezena, sem recorrer às baixezas que excitam os instintos.
Sem desmerecer as necessárias mudanças que as novas mídias operam, a “massa” tem valor por motivos de economia de escala. É do DNA do nosso sistema produzir para muita gente. O volume de vendas financia por exemplo a inovação e o preço baixo que desejamos. E para que haja muita gente consumindo, precisamos comunicar para elas. E não será produzindo pequenos soluços criativos que as agências de propaganda irão sobreviver. Até porque o custo fixo de uma agência de propaganda é basicamente composto de recursos humanos e “inhos” custam o mesmo que “ãos”.
Podemos inverter a equação também: nano iniciativas de comunicação alcançam nano públicos que geram nano receitas para as empresas.
Talvez tenha chegada a hora de encontrar soluções inteligentes e criativas para as mídias de massa e para a propaganda de massa ao invés de desistir tão rapidamente.
Esse desafio é nossa salvação (e em parte a do sistema que até hoje nos abençoou) e não o nano sucesso de nossa vaidade.
Por que a mídia de massa é nossa salvação? http://www.alphen.com.br/2009/09/24/porq…
@Alphen acredito que repensar o conceito de massa e a cobertura real (com fixação) é hj o gde desafio. muita informação p/ um mesmo público.
fernand,
não poderia concordar mais. a inovação pela inovação, não atrelada aos resultados e à escala necessária só gera mais frustração.
é por essas e outras que eu continuo fã da mídia online ‘tradicional’, aquele banerzinho com taxa de cliques merreca, mas que impacta milhões de pessoas numa home de UOL, Terra, Globo.com ou no MSN.
mas é claro, tudo isso no final das contas precisa ser um belo combinado: a nano idéia pra ganhar prêmios e visibilidade dos pares (cliente e agência), associada à estratégia que fale com massas no online, TV e onde der.
grande abraço, m
Sinto que, na ânsia da inovação e do diferente, a comunicação corre risco de se tornar um samba do crioulo doido (não me ataquem os politicamente-chatos de plantão pela expressão popular!), onde nada pode ser mensurado ou aferido com qualidade. Devemos estar atentos ao novo, não é possível ignorar que a tecnologia ressurge a cada dia com a maior novidade do século – mas buscar novas alternativas ao testado e aprovado também deve ser um objetivo.
le beau, uma questão. É possível se fazer propaganda de massa sem substimar tanto a inteligencia do outro, se tratar a a “massa”com semi-debilóide? É possivel se fazer propaganda de “massa” observando o consumidor com alguém com anceio de se comunicar, como naquela discussão dias atrás sobre o consumidor da internet? Isso não é feito, por que a “massa” brasileira não consegue interpretar textos ou porque o infantilismo intelectual ainda é aceito sem ferir o ego da “massa”?
Claro q é. O q vc chama de propaganda semi debiloide é o q tb se chama propaganda ruim. E isso não tem nada a ver com massa.
E o pior é que existe um modelo pegando por aí onde o anunciante busca alcance na TV e “engajamento” online. Só que na TV o produto chega a milhões de pessoas fora do target, com uma dispersão enorme etc. E a Internet faz o tal “engajamento” para um número microscópico – tipo 5 mil pessoas – que também não tem efeito nenhum.
Não dá para gter como objetivo buscas alcance e engajamento em todas as campanhas? Michel, esse negócio de nano idéia tô fora.
Também acho que dá pra criar grandes ideias, para grandes audiências e para grandes prêmios. É buscar pela maior fatia do bolo nessa tal ‘economia da atenção’, onde está tudo cada vez mais disperso. Se ficarmos com a mania de pensar cada vez mais no “inho”, fica difícil sair do buraco depois.
Acredito que sempre que se faz uma ação, como você chamou, microscópica, tem como o objetivo final, ela ser viralizada e gerar mídia espontânea, com isso, passar de “micro” para “macro”.
Quando se faz um videozinho, um viralzinho, um flash mobzinho, penso eu, queremos que ele deixe de ser inho pela força da “massa” da internet, e passa a ser “ão” atingindo a massa geral.
Pensar que essas ações micros continuam no universo micro para que elas foram criados, eu acho falho. Se as pessoas fazem essas ações com o único objetivo de que ela atinja esse público-alvo primário, acho que elas estão erradas.
Só gostaria de saber porque a rede globo de televisão substima tanto a inteligência do público.
E os desafio a publicarem esse curtinho e humilde comentário.
Só duas perguntinhas:
Quem confere a votação para o paredão do big brother?
Quem me garante que não tem uma fala pronta para cada participante que atende o big fone?