O Brasil não curte o cinza: somos ricos ou pobres, educados ou ignorantes, machões ou frescos, noivas ou vadias, brancos ou não brancos, prós ou contras. Nosso espectro de opções tem poucas nuances, e as diferenças são abissais: nossas pirâmides (social, educacional, sexual, racial, ideológica, etc) têm bundas de tanajura e pescoços de girafa. Obviamente também, somos analógicos ou digitais.
Sempre que um tema bomba no jornal com sua microscópica cobertura ou na Televisão com sua baixa capacidade de persuasão, faço minha pesquisa com a Maria. “Será mesmo que a poluição vai mudar o clima, hein?” ou “E o pré-sal, hein? Será que finalmente vamos sair da merda?” A discussão me dá muito prazer principalmente porque a Maria sempre relativiza o André Trigueiro e a Miriam Leitão. Mas matuto imediatamente “Seu idiota, esses temas não estão bombando coisíssima nenhuma! É tudo terapia ocupacional de rico. A Maria é que sabe o que rola.”
O Brasil tem uma verruga, mais conhecida como nós, a classe que toma vinho, degusta azeite e faz Yôga (com circunflexo pronunciado, por favor).
Pois dizem as pesquisas de Internet que existem mais de 50% de internautas no Brasil, que está todo mundo alucinadamente conectado, interagindo nas redes sociais, baixando pirataria que nem doido.
Mas uma coisa não consigo entender: porque será que tem tanta virgem digital ao meu redor? Tem gente que conheço, jovens, gente de bem, de família, de posses até, que não tem perfil em NENHUMA rede social, que não usa NENHUM comunicador instantâneo! E pior, eles acham a maior graça, “é opção” dizem.
Menos ainda entendo quando essa gente tem por responsabilidade profissional convencer consumidores a comprarem seus produtos. Tipo gente do marketing ou da propaganda.
Essas pesquisas de Internet devem ser uma intriga muito bem urdida nos porões nerds.
Foda também é perceber que muita gente AINDA tem a postura “prove-me que isso dá resultado ou eu não fazer nada além do que sempre fiz”. Como alguém é tão ingênuo a ponto de colocar a responsabilidade de se atualizar na mão de outrem?