Off-line / on-line é sado-masoquismo

O povo anda se desculpando muito quando apresenta uma campanha off-line. É tipo “olha, dessa vez, é só uma campanha de página dupla e comerciais de televisão e não, não pensamos nada para a Internet não”. E o cliente faz a maior careta “eu já falei para vocês não me virem com esses campanhazinhas de off-line”.

E do outro lado da cena, os esquisitos apresentam lá sua campanha on-line, sites, filmes, estratégia de redes sociais e mais uma penca de coisas pra internet. “Não, não tem nada de mídia morta não. Afinal de contas, nosso target não é a dona Maria (Ana Braga), né?” E o cliente faz o sorriso maroto de quem está economizando um bom dinheiro.

É gente derretendo as meninges para pensar on-line e outras gentes suando a camisa para pagar o aluguel. Tem também o cliente, pulando de galho em galho, acochambrando briefings para integrar tudo.

Já tem uma geração que essa coisa dura e está difícil encontrar o caminho do meio porque no fundo, todo mundo está careca (eu) de saber que esse negócio de off/on line é uma estupidez. É tão demente imaginar uma agência de comunicação que só pensa mídia tradicional quanto imbecil acreditar que pode haver uma especialização on-line. A sensação é que os negos do “off” radical estão tão atrasados quanto os pelegos do “on” especializados.

E não se pode negar uma certa causa psicológica por detrás das resistências. Do lado da “dead tree society”, é a inconfessa e inconsciente preservação do terreiro, no mais autêntico princípio do “tomara que eu morra antes”. Do lado dos “digitais”, é a assumida atitude geracional do tipo “tomaram que os véios morram junto com suas árvores”.

No fundo, é sado-masoquismo: gente curtindo sofrer nas reuniões de apresentação e outras gentes morrendo de fome.

One thought on “Off-line / on-line é sado-masoquismo

  1. Pois é, falta pouco, mas logo mais vão perceber que não existe on-line ou off-line, existe mídia e ela pode ser qualquer plataforma. Mas essa resistência está acabando por parte de clientes, agências e consumidores, que querem ter para cada uma das plataformas uma comunicação integrada e que passe a mensagem original da campanha.

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