Planejamento é palavra incompetente

Planejamento é uma palavra ruim quando se aplica ao trabalho de comunicação. Tão imprecisa quanto atendimento, igualmente pretensiosa quanto criação.

Pois se significa traçar planos, rabiscar o futuro, estabelecer metas e caminhos, o planejamento assim concebido é uma espécie de âncora retrógrada, incapaz de saltos paradigmáticos e descrente quanto aos milagres que a comunicação pode operar numa marca. O planejamento que “planeja” não passa de um software fatorial que escreve prognósticos na areia: qualquer ondinha apaga sem deixar marcas.

Foi-se um tempo em que especular o futuro baseado em dados, informações, extrapolações matemáticas e pesquisas que não conseguem ultrapassar a linha do presente, era um conforto ou um ponto de partida. A aceleração demográfica e geográfica, de costumes, ambiental, histórica, social, cultural, econômica e mercadológica não enseja mais projeções baseadas em dados do passado para projetar o futuro.

Cabe encontrar outro significado, mais útil, charmoso, excitante e simples para o “planejamento”.

Assim como a ciência trafega melhor hoje na inspiração do que na observação empírica, lenta e cara, planejar tem mais de revelação.

Antes, planejar significa creditar à comunicação uma espécie de dínamo cultural, de mão dupla (que se influencia e influencia), é acreditar que a responsabilidade da propaganda transcende os simples objetivos comerciais, estreitos, fugazes e cíclicos. Se a propaganda é agente cultural, planejar é transformar.

Não cabe ao planejamento encontrar o certo, o provado, o correto. Não nos cabe colocar a comunicação no rumo sem risco, portanto medíocre, cabe encontrar o caminho da transformação, logo ambicioso.

4 thoughts on “Planejamento é palavra incompetente

  1. Visão importante para um mundo em constante transformação, onde a volatilidade e incerteza fazem parte de nosso cotidiano presente. A criatividade será mais importante do que a visão analítica para se encontrar novos caminhos nesta fase de grandes mudanças e inovações.
    Um abraço e obrigado,

  2. O maior obstáculo é dizer isso tudo para o cliente em uma frase, E convencê-lo. Sim, porque experimentalismo e ousadia é muito bom para a marca dos outros; não pra minha.
    Abandonar a zona de conforto à alçar vôos experimentais, virais, modais ou o que for, é brigar com bêbado: se der certo, o crédito é do cliente que bancou aquela sua idéia hummmmm…. diferente, se der errado, a culpa é sua. Onde já se viu, EU disse que não ia dar certo.
    Alguém disse (acredito que Lair Ribeiro) que se você der cem tiros e acertar todos no alvo, terá a certeza de que vai acertar também o centésimo primeiro. Acho que no planejamento é assim. As empresas buscam mais as agências com uma centena de disparos precisos do que as que querem dar o primeiro em um alvo diferente. Questão de target.

  3. Quem é esse Guga Barbosa? Um cliente? O que está dito no comentário dele, justificando as empresas, é própria essência do que o post critica. Estude um pouco aí, caro Guga, e vc vai descobrir que essas empresas hoje paranoicas com a inovação (e provavelmente também aquela que lhe paga as contas) quase sempre começaram com a insistência/perseverança/teimosia de um indivíduo… inovador.

  4. Metaforicamente, o atoleiro moral que assola o DF exclama a impoância do planejamento e da eleição de prioridades.

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