Comprei uma Rede Globo de 50 polegadas

Televisão é um objeto retangular preto ou uma espécie de quadro cheio de imagens em movimento? Um CD é um disco de vidro ou um bagulho que toca músicas? Um portal é um computador cheio de fios e plaquinhas superpoderosas ou um bocado de imagem, texto, vídeo clicáveis?

Pergunta estúpida pode ajudar a dichavar os miolos.

Até outro dia, era bem fácil saber a diferença entre um macaco e outro, embora eles tivessem a mesma denominação. Era assim: quem fazia o aparelho, o troço que dá pra pegar, era um, e quem produzia o que só dava pra ver ou ouvir era outro. Diferenciação, digamos, sensorial. E ninguém se atrevia a pular no galho do outro porque podia quebrar as pernas.

Daí apareceu a Internet e um conto do vigário chamado convergência. Pronto, confundiu tudo. Os craques do conteúdo resolveram fazer o aparelho, e os do aparelho, conteúdo. Confusão danada porque os portais que pertencem a uma empresa de conteúdo também fornecem acesso à Internet. Ou seja, está tudo na mesma razão social: o computador, a imagem, o texto, o telefone, a conexão. E daí todo mundo ficou concorrente de todo mundo. Maior festa do caqui.

Tem gente muito polivalente, tipo o Mozart de Salzburg e o Wesley do Santos, ou o Seu Wagner lá de casa, que conserta portão, máquina de lavar e bicicleta. Mas esses casos aparecem uma vez na vida e outra na morte. É o que chamamos de prodígios.

Mas nêgo é sempre melhor numa coisa. Sempre. Quer ver?

Tipo o YouTube e a Rede Globo. A Globo é a melhor pra fazer conteúdo. Não tem pra ninguém. Não tem nem quem chegue perto. E o YouTube é bom de fazer portal de distribuição (de conteúdo). Bom é apelido. Quem tenta rivalizar, os danados dos meninos chegam lá, compram o concorrente e fim de papo.

Mas por que diabos a Globo tenta fazer a coisa que o outro faz melhor? E por que diabos o YouTube não quer nem saber de fazer aquilo que a Globo faz?

E viva a carochinha.

4 thoughts on “Comprei uma Rede Globo de 50 polegadas

  1. Alhen:
    O Youtube (como o Google) pegou o espírito que não dá para concorrer na produção das pessoas. As produzem e ainda dão de graça pra eles.
    Já a Globo, tem o problema de existir num universo paralelo (univeros Marvel, DC. Mesmo ele já se encontraram em alguma edição especial – Superman vs. Spiderman), as outras mídias não existem. E vemos: as horríveis citações: “…declarou em site de relacionamento”; os prêmios ao “melhor da tv” que só considera uma tv; proibição de seu cast aparecer em outras redes.
    Em épocas de convergência e “mídias sociais” a missão da Globo de ignorar a existencias dos “outros” torna-se quase impossível. Mas eles estão fazendo um bom trabalho no G1.

    1. Opa Francisco!
      Desculpe dar um reply na sua mensagem, mas algumas coisas do seu texto me chamaram a atenção. Esse livro aqui:http://tinyurl.com/y2fxyko O Pierre Bourdieu aborda alguns pontos do que você falou, acho uma leitura bem válida. Se tive um tempo, dá uma conferida. Ele fala sobre uma censura que é difícil de enxergar.

      Valeu, abraço.

  2. Arrisco uma resposta. O que bomba no youtube são as cópias (ironizadas muitas vezes) que a galera produz do conteúdo da Rede Globo. E como bombam…
    As pessoas ainda acham que o conteúdo da TV é algo distante, mas a cópia é feita pela galera, dai se sentem mais próximas. Acredito que a Globo saiba disso…
    Acho que rola uma dependência de ambas as partes, mas creio que a Globo não admita isso, porém sabe muito bem qual o foco do seu negócio. Aquela história que eu tinha falado de vender TV, lembra?

  3. ~>Nossos profissionais são treinados para gerenciar o conteúdo diário da mídia e selecionar apenas aquilo que você deseja.

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