É tempo de eleição, e já já vamos começar a enfrentar aquele bombardeio de propostas, farpas e programas de humor. Todos são unânimes em dizer que é o ano da Internet na campanha política, seja lá o que isso quer dizer (ainda tem candidatos chamando o eleitor na Internet de internauta!).
Mas o que tem essa plataforma a oferecer aos candidatos?
Nada. Nada a não ser mais uma mídia que, por definição, exige a participação ativa das pessoas para acontecer.
Em outras palavras, se não estivermos minimamente interessados em saber o paradeiro dos candidatos, seus projetos, promessas, carismas e mentiras numéricas, é muito pouco provável que os talvez setenta milhões de votantes brasileiros estejam sensíveis às invectivas eleitorais e eleitoreiras.
Porque a Internet é muito ineficiente para o convencimento massacrante, à base de lavagem cerebral repetitiva, a televisão continua sendo o grande e ensurdecedor megafone.
A Internet é a praia da busca, racional e deliberada. E como tal, ela não vai arregimentar legiões de ovelhas carentes por disciplina e ordem, como se presume.
Mas talvez os candidatos pudessem oferecer algo aos eleitores. Essa é a questão, a única, angular, a ser feita.
A Internet se fez e se faz a partir da participação voluntária das pessoas. É assim que ela se sucede. E o corolário dessa constatação anuncia a performance: os meios online exigem vontade de sufrágio. Vontade de ouvir e agir em consequência.
Mas qual dos candidatos está preparado para atender aos votos, no sentido etimológico da palavra (desejos, aspirações), dos eleitores, após ser eleito e até o pleito?
Não é isso o que se vê por aí. O que se vê é o uso da Internet para reafirmar um sistema de poder cansado, baseado em um discurso broadcast, de poucos pouquíssimos, para muitos muitíssimos. Nada de novo.
A Internet não é uma democracia de polichinelo.
A Televisão é melhor que a Internet para esta democracia que temos – http://www.alphen.com.br/2010/04/26/a-te…