E a liberdade de expressão da boca pra dentro?

A liberdade de expressão é uma quimera que acalentamos. É um direito garantido constitucionalmente. E enche a boca de todos aqueles que se sentem minimamente atingidos ou pressionados.

No entanto, franquia de ideia e de opinião tem preço. E muito alto em tempos de incontinência comunicativa.

Nenhum insano fascista seria capaz de defender o controle da imprensa, tampouco de impor regras de censura. A imprensa livre garante o equilíbrio democrático. Esse é o chavão inapelável que rege a bem pensante burguesia.

Tampouco é possível penalizar “delitos” de opinião individuais. Todo mundo tem o direito preservado de achar o que quiser de quem quiser e do que quiser. E esse direito se estende também para qualquer forma de expressão, da conversa de bar ao libelo amador, do Facebook ao Twitter.

A imprensa, que tanto empunha a bandeira da preservação da liberdade de expressão e que em regimes razoavelmente livres tem defesa assegurada pela opinião pública, no entanto, evolui em um sistema que preserva seu direito de controle da opinião manifesta de seus funcionários. O direito da empresa (de reprimir ou demitir) se sobrepõe ao direito individual de expressão.

É ilegal discriminar, no seio de uma organização, por raça, cor, credo, opção sexual, etc. Qualquer funcionário de uma empresa pode acionar seu empregador se perceber e provar esses delitos. Ainda que a empresa possa demitir o funcionário, ela poderá ser processada. Por que não sucede o mesmo quando alguém emite uma opinião contrária à da empresa para seus colegas, sua esposa, seus amigos do bar, do Twitter, do Facebook?

A encruzilhada é difícil, mas no caso da imprensa, diferentemente de outras empresas capitalistas, é inevitável considerar de certa hipocrisia a defesa inflamada da liberdade de expressão, quando ela impõe regras na expressão livre de seus jornalistas em redes sociais.

6 thoughts on “E a liberdade de expressão da boca pra dentro?

  1. Conheço o Felipe, se estamos falando do editor demitido da National Geografic, um cara mega interessante, largou o curso de direito, foi trabalhar na Funai, lá dentro, na mata, mega interessado, conheceu os assuntos indígenas como poucos, voltou, por mais que lhe cortassem as asas, escreveu materias denunciando madeireiras ilegais, foi lá mil vezes, viu, fotografou, publicou, ativistas dos melhores. Mas daí chamou o chefe de nazista em público…?? Cagada. Daí são outros quinhentos, é uma droga, mas convenhamos que ele abusou da sorte. A Abril é uma merda mesmo, sabemos, a Veja é nojenta, sabemos, burra, egoista, insensivel, atrasada, mas como editor da casa, acho que passou dos limites, apesar dele ter razão. Uma pena. Quem sabe acontece com ele o que aconteceu com a Soninha depois que ela foi demitida da TV Cultura por ter admitido que fuma um back vez ou outra, ele pode virar deputado, vereador…?

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