“Você entra com a bossa, eu entro com a boçalidade”

Perguntaram outro dia “você é sempre do contra?” e pensei que talvez valesse a pena, excepcionalmente, falar um pouco em primeira pessoa.

Viver não é uma opção, é uma contingência. Ver, sentir, pensar, escrever também. Morrer é a única decisão que tomamos, no reflexo do viver.

E se assim for, muito além dos fluxos e refluxos que nos conduzem, assumir o leme das decisões, ver-se como centro irradiador de causas, criador das marés, influenciador do futuro é o alimento da vida. Melhor morrer do que curtir a deriva.

O homem não teria criado o fogo e a roda, fundido os metais, construído estradas, edificado templos, eliminado inimigos, vencido o espaço sideral e sonhado com a eternidade se nunca tivesse duvidado do determinismo e das leis de causa e efeito. O homem nunca teria sido homem se não tivesse duvidado de Deus.

O drama da existência só tem sentido quando extravasamos ou no mínimo assumimos que somos contra tudo e todos. A crítica, ainda que não seja opção, é a base da vida.

Só vale a pena beneficiar dos minutinhos de atenção dos bem aventurados leitores desse blog se for para ser contra. A turba do “a favor” já é grande demais.

5 thoughts on ““Você entra com a bossa, eu entro com a boçalidade”

  1. ainda mais se o faz com elegancia, pelo lado de dentro, o que diminue o coro. Por mais que a impaciencia e incredulidade as vezes nos faça querer trocar a pelica pelo porrete.

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