Na Grécia antiga, a platéia era parte do espetáculo. Ao coro que julgava, dirigiam-se os personagens. Numa tourada, o público decide quantas orelhas o matador merece, ou o rabo de glória suprema. No estádio, a torcida é camisa 12, joga e decide.
Quando a audiência passou a ser vendida ela se tornou um ponto na curva. Quando a audiência virou número, ela deixou o espetáculo e seu julgamento é tardio. Quando a mídia passou a ser hábito antes de deliberação voluntária, o público virou massa. E a propaganda nasceu.
Nessas mídias de massa, o conteúdo é comandante que move as audiências em migrações quase involuntárias.
Até que um dia, a gente acordou e sacou que tinha sido enganado. Que nosso gosto tinha sido lobotomizado por décadas de conformismo crítico. Porque de repente você vê algo que lhe emociona e que não estava na mídia. Porque você sabe de algo que a mídia omitiu ou mentiu ou traiu. E a gente vira pária da bem-pensante burguesia e do mundo.
Mas quando surgiram outras vozes, infinitas novas vozes, alguns, de massa, desceram do pedestal e foram para a vida também. Outros calcificaram-se de soberba.
Quando isso aconteceu com quem viveu a transição, foi uma revelação mas para a maioria das novas (e futuras) audiências, a Veja é só uma opinião bizarra. Para esses, a Veja não passa de um partido rarefeito.
Enquanto a mídia e a propaganda inteligentes (inclusive as de massa), seguem construindo audiência, as outras inflamam seus milhõezinhos de velinhos caretinhas ou muito burrinhos.
A Veja é só uma espécie de Arnaldo Jabor – http://www.alphen.com.br/2010/05/28/a-ve…
Num intendi o que ele falou