O exibicionista útil e o exibicionismo star system do Twitter

Entrar no palco, encarar uma multidão, mesmo quando as críticas são menos que as expectativas, mesmo quando a técnica escravizou a segurança, exige muito mais do que disciplina e senso do dever. O medo do outro oprime, seja ele familiar ou novo.

E, assim, a arma mais poderosa, universal e disponível para enfrentar as plateias é a vaidade.

O performer, em qualquer atividade e para qualquer finalidade – artista, político, palestrante e até numa simples reunião com meia dúzia de colegas ou clientes – precisa-se do gás e da armadura fornecida por uma dose de exibicionismo. Todos aqueles que pretendem galvanizar uma plateia – até as mais prosaicas e menos flamejantes, uma reunião de amigos até – desempenham melhor se souberem aflorar seu lado “drama queen”, carente de reconhecimento, louvor e aplausos.

Sem exibicionismo não há espetáculo, nem sedução, nem paixão.

É muitas vezes difícil aceitar, reconhecer, assumir e muito difícil admirar, mas o revés da moeda do comunicador é o exibicionismo.

Mas há uma fronteira nem sempre clara entre o exibicionismo útil e o exibicionismo do star system. O perigo é confundir os dois. O primeiro é arma; o segundo, armadilha. O primeiro traveste, o segundo escraviza.

Tantas são as tentações que embrulha o estômago, por exemplo, reconhecer o exibicionismo do “sistema da fama pela fama” das redes sociais.

É sempre mais simples, mais tentador, mais fugaz também do que disciplinar o ego e utilizar a vaidade a serviço de uma ideia e de um discurso, simplesmente para vencer o medo da plateia.

3 thoughts on “O exibicionista útil e o exibicionismo star system do Twitter

  1. Também sinto meu estômago embrulhado cada vez que vislumbro no facebook um palco, no twitter um ensaio sob holofotes… tudo ópera bufa. Bjs

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