Steve Jobs goza e faz gozar

Quem nunca ouviu uma música em torniquete, mais e mais e mais, sem parar, até sufocar-se de prazer? Ou repetiu em desatino uma palavra, um grunhido, uma risada, um gesto, ao infinito?

O êxtase é sair do seu estado, cortar-se da cronologia, fixar o presente fora do corpo e da mente. E para Kundera, viver é o difícil balanço entre a busca do êxtase e seu controle porque seu gôzo eterno é mortal.

Há também sofrimento, pena, trabalho na busca e no controle do êxtase. Viver não é brincadeira.

A verdadeira criação é movida pelo êxtase pessoal e comunicá-la é a tentativa, magicamente imprevisível, de transferência desse estado fora do estado.

Pode haver êxtase em tudo. E o orgasmo é sua manifestação mais sublime, mas o êxtase é um prazer prosaico e pode estar na contemplação obsessiva de um buraco no chão.

Pode estar também na produção de um produto, de um texto, de um comercial de 30 segundos, de um supérfluo banner na Internet.

Mas o mundo das marcas, com poucas exceções, é mecânico, cheio de modelos, cabrestos e tolhe, acoberta, policia, vulgariza, nega, assombra ou massacra, o êxtase criativo que transporta e faz nego comprar para além da razão, para além do coração, para além da sanidade.

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