Criação de roer unha

Pequenas especialidades não fazem um grande todo. Intrincar detalhes não compõe uma obra harmônica. Ornamentações não colocam uma catedral de pé.

Quanto maior uma organização ou um projeto, mais especialistas se atravancam com uma infinidade de detalhes voluntariosos. É o cara que conhece aquela particularidade, daquele mercado que tem aqueles problemas, debatendo-se com o outro que conhece outra particularidade de outro mercado, portanto com outros problemas. E de ideias microscópicas em experiências infinitesimais, organizadas num quebra-cabeça sem cabeça, iludem-se que o todo está diagnosticado e o plano de ação, desenhado.

É batata: o resultado é medíocre. Repetem-se velhas formas e surradas estratégias agora devidamente justificadas.

O fervilhar de especialistas experimentados, que pululam nas salas de espera mal dormidas dos aeroportos do mundo inteiro, produzem um briefing de comunicação.

Bem intencionados e cheios de esperança, os inspiradores mal dormem tamanha a ansiedade de pesquisar, analisar, contra-argumentar, canetar e ticar a campanha.

E começa tudo de novo. Lá do início.

A cada ciclo, cada volta apara as arestas, até não sobrar quase nada além do essencial, ou seja, a mesma fucking ideia que já foi fucking bem-sucedida em um fucking mercado com algum fucking problema fucking igual ao nosso.

Acaba um dia, indo para o ar, uma criação de unha roída até o dedo.

3 thoughts on “Criação de roer unha

  1. Mas até que ponto vale mudar a estratégia de um negócio por um detalhe de mercado?

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