O New York Times sem papel. E daí?

O que tem de bombástico o anúncio de Arthur Sulzberger Jr. de que “algum dia, o New York Times deixaria de ter versão impressa”?

Nada. E impressiona o fato do que a mídia, no mundo inteiro, repercutiu a frase, como se fosse uma profecia assegurada.

A mídia continua confundindo o meio de campo e segue achando que a revolução que está em curso refere-se tão somente a uma questão de plataforma ou device.

Se o papel vai deixar de ser um suporte para o New York Times ou qualquer outro veículo de mídia impressa, é, com muito boa vontade, uma simpática afirmação digna de um congresso de ambientalistas histéricos. Portanto, tão irrelevante quanto óbvia.

Há muito tempo que a questão não está mais em como sustentar um suporte velho como o papel e que sempre chega e chegará com atraso à casa das pessoas.

As questões centrais estão na forma como o conteúdo é produzido, quais são seus custos fixos, como lidar com os direitos de autor e como garantir um mínimo de apuração.

O centro das preocupações deve ser como construir um novo laço de conexão com os leitores que não dependa mais da superioridade decorrente da propriedade da informação, pretensiosamente encabeçada pela mídia. O consumidor de informação não tolera mais essa superioridade, de poucos para muitos.

Os jornais podem desistir amanhã do papel e estar só online, no éter ou nos sinais de fumaça, que eles continuarão ameaçados ao persistirem com uma estrutura própria e exclusiva de produção de conteúdo.

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