A Internet descansa em paz

A Internet é o palco das mais divertidas ingenuidades. De apavorar Pasteur.

Geração espontânea é o princípio que rege muitas iniciativas e crenças, individuais e comerciais.

Acredita-se que a reputação pode ser construída sem esforço, por obra e graça do espírito da rede. Basta conectar-se e jogar seus fermentos de genialidade aos bits. É essa crença que anaboliza as redes sociais, os blogs, em particular os microblogs.

Acredita-se que é possível ser seu próprio veículo de comunicação, por concessão do onipresente universo virtual. Basta conectar-se e expelir seus fascinantes conteúdos às sinapses da Internet. É esse credo que excita as marcas e as agências de comunicação.

A multiplicação das mensagens, quaisquer que sejam, estaria garantida pelo mágico dínamo. O sucesso é uma questão de tempo, e não de esforço.

No entanto, a realidade é bem mais prosaica: estima-se que mais 80% de todo o conteúdo dos servidores conectados, mundo afora, esteja às moscas. A Internet, que idealizamos como um fervilhar histérico de informações fluindo para todos os lados, é, no fundo, um imenso cemitério, em que almas penadas trombam incidentalmente ao sabor da insônia de alguns, da ociosidade de outros, da vaidade de muitos.

Infelizmente, é preciso muito esforço para construir uma reputação e muito dinheiro para construir uma marca. Na Internet como em qualquer outro lugar.

“Em se plantando tudo dá” é a quimera de poéticos deslumbrados.

7 thoughts on “A Internet descansa em paz

    1. Obrigado, Gustavo, mas considerando o tamanho da geléia digital, acho q ainda somos almas penadas 🙂

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