Site de marca: perda de tempo

A sabedoria do consumidor está na capacidade de nos chamar de idiotas se fazendo passar por um.

Pesquisador: Quando você pensa na marca X, como você a imagina na Internet?
João: Ué, mas X não é para beber?

Ainda que essa resposta pudesse ser exatamente a mesma se tivéssemos feito a mesma pergunta 40 anos atrás referindo-nos à televisão, temos um pequeno insight.

A Internet nasceu, tomou biotônico e cresceu como promessa facilitadora.

Quando ela nos ajuda a descobrir como se faz um pão de ló, ela é imbatível. Quando nos permite comparar cré com cré, é muito útil. Quando a gente pode comprar ingresso antecipado para qualquer sucesso de pipoca e gritaria, é um alívio. Quando descobrimos que é possível encontrar pessoas para além do clube, do trabalho e da escola, a Internet cura todo provincianismo atávico. Quando a gente não quer micar na sexta à noite e zerar o fim de semana inteiro, se jogar na Internet é um bom começo.

Síntese do beabá: a Internet é um trampolim de vida lá fora.

Mas e a marca X? De beber, de lavar roupa, de vestir, de dirigir, de pegar dinheiro?

Em vez de jogar o cara lá fora, pra beber, pra lavar, pra desfilar, pra esmerilar ou gastar, vamos inventar moda e parafusar a bunda do cara na frente do computador com falácias de engajamento ou outras histórias pra boi dormir.

Perdemos um tempo doido criando doideiras na Internet.

Mas esquecemos que, salvo patologias nipônicas, as marcas deveriam, antes de todas as pirações online, jogar nego no off.

E todo o resto, todo o resto, é só publicidade.

12 thoughts on “Site de marca: perda de tempo

  1. Essa ideia é boa, mas uma marca não é só formada por um benefício, certo? Acho que a internet dá chance pra exploramos, justamente, os outros benefícios. Faz sentido? Distorci muito?

  2. Esse texto me fez lembrar de uma palestra estapafúrdia, dessas que nunca sou público, e se tudo der certo nunca serei, de uma cara estapafúrdio neste último e estafúrdio festival de Cannes de publicidade. Era uma cara do Google, um CEO, ou premium in chef, ou quaquer destes títulos estapafúrdios. O estapafúrdio evagenlista dizia evangelista para esquecermos tudo que era OFF que o negócio agora era totalmente ON, ele berrava, caricato : ” Esqueçam OFF, esqueçam…tudo agora é ON..ON…ON” e apontava para o logo GOOGLE gigante no telão. Foi tristíssimo assitir aquilo, ainda mais pagando estapafúrdios 3.000 euros. Ontem vi e ouvi de graça dois indegenistas maravilhosos no SESC onde o organizador sem grana para pagar caterings de pêra com damasco, caprichava no jarro d’agua dos palestrantes. Como disse nosso meio franco meio alagoano escritor, lá havia vida OFF line. E como havia.

  3. Baseado no mais simples bom senso, há muito tempo eu venho dizendo para os mais próximos, clientes (quando dá), colegas da mesma área e amigos, que esse “engajamento” pretendido quase não existe e nunca vai existir, nem on-line, nem off-line. Nas raras vezes em que acontece, pode até estar relacionado a alguma iniciativa consciente da marca, mas tem muito mais a ver com uma insuspeitada simpatia do público, com frequência surpreendendo os próprios “marketeiros” (argh!) responsáveis. Para nós e para o cliente, a marca é tudo: comemos marca, respiramos marca, sonhamos e temos pesadelos com marca. Para o cidadão, é só mais uma informação da vida dele, com sorte um fato. Perceber a real importância que o produto/marca tem na vida das pessoas, sem subestimá-las nem hipervalorizá-las (as marcas e as pesoas), é condição fundamental para criar ideias – e estratégias! – inteligentemente realistas e publicitariamente fortes. E, sim, o consumidor tem de ser mandado para o off, pra fora, que é onde os produtos estão e a vida real acontece, fisicamente. O resto não é só publicidade, não. É estreiteza de visão, das brabas. Ou, como talvez diria a classe C, burrice mesmo.

  4. Eu estava no twitter e vi o Enor falando deste post do Fernand. Cliquei e parei aqui. Li o texto e enquanto pensava recebi 3 mensagens pelo Facebook. Numa fui pego por um anuncio de Sushi. Me deu fome, Googuei e achei dois restaurantes. No Google apareceu na resultado um video do Youtube com link patrocinado de cerveja. Puxa, me deu vontade de sushi e tomar cerveja.
    Daqui a pouco estou saindo pro bendito restaurante. E tudo começou pela internet.

    Então eu acho que discordo do texto do meu amigo. Será que é saudades?

    1. Deve ser saudade mesmo porq vc vai fazer exatamente o q eu acho q a Internet tem q fazer por você: te jogar no off.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Connect with Facebook