A rede é um masturbadromo

Desde que a Internet surgiu, somos confrontados, com uma frequência nunca antes vista, a muitos paradoxos que revelam contradições entre propósito e prática. É de ficar tonto.

E as redes sociais são o laboratório mais eloquente da alma humana e suas patologias sociais.

– Propósito: as redes sociais aproximam as pessoas, intensificam a comunicação interpessoal e os relacionamentos.

– Prática: as pessoas usam as redes para promover-se, destacar-se ou, simplesmente, existir. É o atávico complexo de identidade e individuação que motiva as pessoas, que prevalece sobre a necessidade de interação.

A rede social é vitrine antes de sala de estar. Os relacionamentos atravessam o show-room rara ou superficialmente.

A interação que realmente interessa é apreciativa, “gostei/não gostei”. E quanto mais formos gostados, mais seremos apreciados, replicados, referenciados. A rede me aproxima de mim mesmo.

Em alguns casos, as redes sociais são um estilingue de reputação; em outros, um bumerangue. Projetam e ridicularizam. Douram ou denigrem as identidades.

Integração, convivialidade, aproximação não passam de álibis intelectuais para mascarar o hedonismo. Troca de informação, intercâmbio de ideias, e os debates são desculpas para justificar o exibicionismo.

10 thoughts on “A rede é um masturbadromo

  1. As redes sociais, historicamente, são aparatos novos, quando comparados com as interações sociais. Acho que as redes estão em processo de adaptação ainda, acho também que esse processo consiste na tentativa e erro e talvez, o hedonismo seja uma etapa.

  2. Fernand,

    Abri este texto no meu Google Reader depois de ter passado reto por vários textos de planners deslumbrados e marketeiros ditos especialistas que não falam mais do mesmo.

    Teu post gerou um suspiro de alívo.
    Parabéns pelo blog! Siga assim, colocando sempre a lucidez na roda.

  3. Fernand,

    Abri este texto no meu Google Reader depois de ter passado reto por vários textos de planners deslumbrados e marketeiros ditos especialistas que só falam mais do mesmo.

    Teu post gerou um suspiro de alívo.
    Parabéns pelo blog! Siga assim, colocando sempre a lucidez na roda.

  4. Mestre Gaiarsa inverteu a lógica interpretativa sobre a dinâmica da afetividade defendendo que esse negócio de que as pessoas só te amam se vc se amar é papo furado. Quanto mais vc é amado, mais vc aprende a se amar, dizia ele. Acredito muito nisso, por experiência pessoal e observação social. Portanto, não tenho nada contra o hedonismo não-fundamentalista e certo grau de exibicionismo. Todos os temos (nós, publicitários, então!). É a ânsia de ser amado, aprovado, manisfestando-se digitalmente, como em tudo aquilo a que o ser humano se dedica. Incomoda-me mais, na rede, a frivolidade e superficialidade das ideias que as pessoas aplicam a esse exercício. E, claro, a compulsão de fazer tudo, tudo, tudo on-line – na minha imodesta e ranzinza interpretação, um sintoma grave de covardia afetiva.

  5. Fernand, os negativos que voce aponta já existiam antes das redes sociais, se tem gente usando errado, tem muita gente usando certo. Nunca fui tão informado, vi tanta coisa nova filmes, videos, musicas, textos, autores, livros, you name it – cultivei tantas amizades que estavam aí, ao meu lado, mas na correria não dava para ver, nem conhecer e mudei tanto minha sacação das pessoas (me included) como no Face, nos blogs, aqui agora. Estamos vivendo um novo renascimento, muito mais poderoso que o histórico. Não fique tonto: não consuma além do razoável, siga voce mesmo, seus valores e princípios que tá tudo certo. Fora que, sempre que surge uma nova tecnologia, aparecem as profecias de como ela vai nos deixar loucos e perdidos. Chama-se primitivismo, e eu já cai nesta, no movimento hippie, também achei que a solução era a volta ao campo. Avaliando melhor, vi que a vida no campo era dura e que do campo o melhor mesmo é o orgânico e já está muito bom. Apesar de acharmos que tá tudo ruim nunca um animal triplicou seu tempo de vida, como nós. E vida é tudo, não é ? O que dará esta nova maturidade, que terá tempo para pensar melhor e a internet para se informar e se comunicar: um humano melhor ? Tudo indica. Cheguei aqui através da indicação do HELIO ROSAS, um cara excepcional que só fui conhecer por causa da rede. É maus isso ? I dont think so…

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