Na propaganda eleitoral gratuita, um ex-presidente enaltece a “transparência” suscitada pela “Internet e Facebook” como uma nova exigência pública que transforma os comportamentos políticos. Mas é tão ingênuo acreditar que a Internet é causa quanto crer no poder transformador de uma ferramenta.
A origem das invenções humanas se perde na noite dos tempos e sua gênese raramente está associada à necessidade. Os Mayas inventaram a roda, usada em brinquedos de crianças, mas nunca a utilizaram como ferramenta porque não viam nela nenhuma aplicação técnica. O princípio do pistão a vapor também remonta a muito antes da era industrial, mas quem é que poderia achar útil substituir milhares de escravos baratos e com capacidade de autorreprodução por máquinas? A Internet não causa nada, nem o Facebook.
É evidente que após um tempo toda ferramenta se autoalimenta de necessidades, transformando-se. Dessa forma nascem afirmações como a do ex-presidente, falsas na explicação, mas possíveis na prática. Na Internet, mentira tem perna curta (talvez não por causa, mas por consequência).
Mas essa afirmação também é ingênua.
Os governos totalitários, assustados com a capacidade de propagação de ideias subversivas, tiveram como comportamento inicial a censura ou o controle da Internet. Mas já há algum tempo que esses próprios governos – os menos imbecis – perceberam que a Internet pode ser utilizada a favor de suas ideologias e que isso é mais eficiente e barato do que proibir. Assim, fazem exatamente o mesmo que seus opositores, a saber, difundem-se publicitariamente.
A mesma regra, simples e lógica, deveria ser entendida amplamente também pelas marcas.
Com a Internet, a censura tem pernas muito mais curtas do que a mentira.
Censurar ou não censurar conteúdos colaborativos http://www.alphen.com.br/2011/02/04/cens…
RT @Alphen: Censurar ou não censurar conteúdos colaborativos http://www.alphen.com.br/2011/02/04/cens…
Sobre isso, vale dar uma olhada nisso: http://www.guardian.co.uk/technology/2011/jan/25/net-activism-delusion
Diversidade democrática é isso. Uns opinam contra, outros opinam a favor, sejam indivíduos, grupos, governos ou marcas. Pressuponho nas pessoas a capacidade de ver os vários lados e discenir. Mas frequentemente me decepciono.