Não leia este post: é um chiste.
Ivan Ilitch era um sujeito ordinário. Ele sempre fizera o que devia ter feito. Suas paixões circunstanciais não tinham arestas. Quando a morte se aproximou, ele sofreu de cólicas existenciais insolúveis. Sua vida só encontrou singularidade na morte. Não fosse Tolstói a lhe dar alguma nobreza, Ivan Ilitch teria sido outro humano à toa.
Bartleby era um homem medíocre com uma profissão medíocre e sonhos medíocres. Era um escrivão cuja obsessão era o imobilismo. Sua originalidade, paradoxal, residia na sua determinação de nada fazer para mudar de seu destino rotineiro, maçante, inútil. Muitos veem Bartleby como um covarde carneirinho. Melville talvez o tenha visto como o grande herói.
Opinião é uma bandeira envergonhada na profissão de publicitário. A crítica se dá huis clos, sem repercussão, covarde. Existem inúmeros canais que se debruçam sobre o tema, mas são uma manteiguinha na vaidade. E quando um tema potencialmente polêmico surge, um coro de “deixa disso” limpa a barra, abafa, senta em cima. Em nome da boa condução dos negócios.
Da mesma forma, a produção publicitária, na sua imensa maioria, prima pela apatia “bem pensante”. É o jogo dos agrados de circunstância, do atendimento servil, da criatividade pré-digerida, da mídia matemática, do planejamento de autoajuda. Somos apaixonados pelo jogo fácil do laisser faire abusado e blasé.
Pena tantos Ivan Ilitch brilhantes na pele de Bartleby frustrados.
O jogo fácil – http://www.alphen.com.br/2011/03/02/o-jo…
RT @Alphen: O jogo fácil – http://www.alphen.com.br/2011/03/02/o-jo…
bem bonito
Acho o Ivan Ilitch um recalcado.
parece que só tem esse tipo no meio publicitário…. triste. por isso ando pensando em vender flores.