A invasão das agências bárbaras

Desembarcaram com arrogância disfarçada de compreensão. “Nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem. Por isso, deu Deus tão pouca terra para o nascimento e tantas para a sepultura. Para nascer pouca terra, para morrer toda a terra”, disse o padre Antônio Vieira. Lá naqueles idos, Portugal era uma migalha em crise espremida. Quando inventaram o Brasil, a pequena metrópole tornara-se a maior potência.

Na história oculta, os índios viram aportar barbudos fedidos de escorbuto e famintos, com uma só bandeira a empunhar, o saque, e um só álibi – a fingida fé. Deixaram estar e somos todos, hoje, índios fortes que olham, com complacência, o  penico com que acorrem de toda parte a nos pedir.

Inauguram-se, a cada dia, novas iniciativas de todas as bandas, no Brasil mais bola da vez do que nunca. Saúdam nossa simpatia, nossa inteligência, nossa criatividade. Em troca, dão-nos um charme – roto – e uma experiência de sucesso – no Camboja e no Quênia.

Muitas agências novas aportam, esfomeadas, na propaganda também. A toda hora chegam, e todas iguais, dão espelhos e contas aos nativos que nem mais se embasbacam com o pedigree e as filosofias criativas.

Logo percebem que os índios já não são tão puros, e que somos caros. Dão-se conta, também, de que o que nos contam de suas proezas ultramar dá-nos a impressão de guia turístico para marinheiro de primeira viagem. Fazem safáris nas favelas e até suam a camisa em algum maracatu autêntico, mas sabem que a única coisa que realmente nos interessa é que invistam suas economias e piquem a mula pra Argentina.

3 thoughts on “A invasão das agências bárbaras

  1. na metáfora do amarelo manga posso concluir como será a extinção desse fenômeno brasileiro:

    “Ninguém é inocente
    Há muito tempo se perdeu a esperança nos homens. O castigo urge e grita aos 7 cantos. Os humanistas de beira de púlpito se apiedam de suas próprias almas pois é justamente no orgulho da bondade que reside o maior de todos os pecados.
    O homem morre
    O mundo se extingue
    E as chamas se consomem mas a soberba acompanha o vazio…..”

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