A libertinagem de opinião das redes sociais

De uma coisa ninguém fala, mas a explosão da popularidade das redes sociais, por trás de todos os superlativos positivos, secreta um efeito pernicioso: a intolerância. O que antes acontecia nos cochichos de salão e nos covis das colunas dos jornais é mais fértil nas redes sociais e germina e dissemina-se com a velocidade das más notícias.

Numa rede social, e principalmente na mais ácida de todas, o Twitter, deslizes éticos são desculpáveis pela falácia do espaço curto e grosso das mensagens. Bizarra  ironia usar o argumento de que em 140 caracteres não há espaço para perder-se em comprovações e argumentos, logo na Internet, em que a relação espaço x preço é tão favorável à verborragia, ao tempo e ao aprofundamento (muito diferente de outros veículos em que cada segundo ou linha é disputado e custa caro).

Educação, bons modos e correção ortográfica são detalhes. Nas redes, o poder de síntese não é qualidade, mas álibi de vulgaridade ou ignorância.

Propósitos racistas ou simplesmente imbecis também são tolerados como se toda afirmação digital acontecesse em um manicômio ou num tribunal nazista, desta vez, em nome de uma presumida liberdade de opinião.

A moralidade das redes também é relativizada já que, no faroeste da Internet, manda quem tem mais seguidores, amigos, portanto, poder de influência. Então, aqui, ninguém tem freio e deita e rola porque sabe que todo controle é vago, difícil e sem consequência. É serra pelada: cada um por si e Santo Mark Zuckerberg por todos nós.

Assim, qualquer infâmia repercute. Basta uivar uma merda que a alcateia faminta se encarrega de defecar nos trend topics. Uma espécie de fascismo com pele de cordeiro.

3 thoughts on “A libertinagem de opinião das redes sociais

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