Esses vídeos-muleta para animar uma apresentação

A moda pegou, mas pegou mesmo. Virou uma mania (e lugar-comum) da nação de planejadores e criadores: colocar a viseira e sentar na cadeira de diretor para produzir minidocumentários ou videozinhos para apresentar suas ideias.

Não tem derrapada, gaguejo nem cacoete; tudo é lindo, rápido, sintético e, principalmente, não suscita interrupção.

É a grande evolução dos power-points com pessoas pulando e jovens sorrindo, que substituíram aqueles com imagens-conceito de lâmpadas, escadarias e tiro ao alvo.

Como se subitamente todo o mundo fosse acometido de mudez envergonhada. Faz-se uma pequena introdução e lá vem o play com uma música animada, imagens lindas, textos de impacto e outras referências chupadas no parnaso descolado.

O improviso, o senso de oportunidade, a condução diligente a partir da observação, a body language e a sedução foram enlatados e trocados por imagens roubadas.

Em breve, tudo será feito por videoconferência com atores construídos em 3D.

Em breve, a saudade da vida real vai ser compensada por algum reality armado e vulgar a que assistiremos de cueca velha em casa.

Mas não há nada mais convincente que o não dito, mais sedutor que o deslize, mais poderoso que o subliminar que só a presença física, de carne, osso, voz e olhar pode produzir.

6 thoughts on “Esses vídeos-muleta para animar uma apresentação

  1. Uau… body language? Assino embaixo. Cara, vc precisa mesmo, algum dia, ler Gaiarsa. Acrescento: que dizer do “especialista” em redes sociais que abre sua palestra com um desses Power Points bem, digamos, rústicos, e na segunda tela usa o termo “mudança de paradigma”? Digo eu: tchau.

  2. Alphen,

    Você está demonizando os vídeos, acho que existem dois casos: um no qual ele é claramente usado como uma muleta e outros no qual é um complemento, algo para enriquecer a apresentação. No primeiro caso você tem toda a razão, mas no segundo… Bem, já vi apresentações em que o vídeo serviu de inspiração, para trazer o rosto do consumidor, suas histórias, muitos insights bacanas que eram construídos a partir das falas das pessoas comuns. Era algo legal, mas como disse, uma parte específica, o vídeo tinha seu lugar muito bem definido na apresentação. E ficou bem interessante, mas o planejador teve que sambar muito para segurar a onde, o vídeo não salvou em nada, apenas ajudou.

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