No começo, você se surpreende, feliz, com a recompensa gratuita que premia um trabalho bem-sucedido. O prêmio, que você esperava ou não, é a coroação sem compromisso do seu esforço.
Depois, você percebe também, satisfeito, que as pessoas olham para você diferente, que elas comentam antes as medalhas e depois os feitos de guerra. Seus distintivos deixam então de parecer merecimento e passam a ser uma patente que lhe qualifica.
Quando você se dá conta, orgulhoso, de que seu uniforme paramentado atrai as atenções, você passa também a agir diferente, com mais segurança e condescendência. A lapela decorada justifica a gamela nem sempre saborosa, o catre nem sempre confortável, as ordens nem sempre gentis, as mortes nem sempre justas.
Os generais também gostam de se cercar de oficiais com feitos reconhecidos. Quando assinam-se tratados, alianças e declarações, quanto mais medalhas, maior o pio. E quanto maior o pio, maior a partilha, os provimentos, as honras e mordomias.
Até que um dia, a guerra que se faz no estado-maior não tem mais nada a ver com a das trincheiras. Você se bate do bunker, vocifera ordens imaginárias e leva um tiro do mais raso dos soldados.
No começo, você ganha um prêmio em um festival de propaganda e fica feliz. Não esperava. Chora de emoção.
Depois, você ganha um aumento, uma promoção ou uma proposta e percebe que isso não caiu do céu, caiu do palco de Cannes.
Então, já com a estante a preencher-se, você facilmente perde a paciência. Sempre que o cliente parece ruim demais, o briefing tosco demais e os consumidores burros demais, você se consola nos braços dos leões.
No seu clube, entre amigos, todos são iguais porque todos têm prateleiras cheias. La a vida é cheia de piadas, trocadilhos, e compete-se pelo apelido mais criativo. Já nas salas de reunião, você tem chiliques e poses.
Até que um dia, toda propaganda que você não fez é feia, suja e maltrapilha.
Até que um dia, a propaganda que você não fez ganha nas salas de reunião e ganha a rua.
Até que um dia, a propaganda que você fez vai para o YouTube.
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Até que um dia, a propaganda que você fez vai para o YouTube?
ou
…a propaganda que você não fez vai para o Youtube?
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Imaginei um professor numa sala do jardim da infancia de um colegio bilingue paulistano.
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Brilhante. Dois reparos. 1 – Às vezes, você pode não gostar da propaganda que você não fez porque você se sente no Olimpo, às vezes, porque ela não é boa mesmo (Sabe aquela? Ser paranoico não significa que você não está sendo perseguido…); 2 – Por isso que é bom você ser meu “amigo”… não faço parte do clube, não tenho prateleiras cheias, mas sou bom pra caraca e tem muita coisa minha por aí ganhando as ruas. 🙂
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Ave
é isso aí , achou a formula ? começou a perder ,já tem alguem fazendo melhor, mais criativo , menos comprometido
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Belíssimo e verdadeiro texto: Prêmios de propaganda e a guerra imaginária http://bit.ly/gDXI2h