Sempre que uma tragédia ocorre, a já eterna discussão sobre liberdade de expressão e Internet inflama as mentes. Radicaliza-se de ambos os lados, seja defendendo um território livre e amoral para a Internet, seja enaltecendo valores tradicionais e achocalhando a produção livre de conteúdos.
É cansativo entrar nesse debate porque todo argumento levado a esse extremo pode estar certo. É essa mania que as pessoas tem de construir barricadas para a falta de opinião ou para uma opinião torpe, suja, preconceituosa, interesseira: “Vou aqui fazer o advogado do diabo”.
A Internet taí e as pessoas, queiram os advogados do diabo ou não, usam e abusam dela. Para se expressar. Sim, livremente. Mas essa liberdade, todos sabem, é condicionada pelas leis, pela moral, pelos valores. Como na vida de todos os dias, como na vida da rua.
Bin Laden mandou avisos para os Estados Unidos durante anos. Seus discursos circulavam em aparelhos de videocassetes, em fitas-cassetes, em praças públicas, em conversas na Medina e depois na Internet também. Disse o que faria. E fez.
A opinião não é um delito. O discurso não é um delito. A expressão não é um delito. Delito é o fato. Se o marido diz para sua esposa “Vou te matar” e não mata, não fez nada. Mas, se mata, será condenado por matar, não por avisar que mataria.
A Internet não tem nada a ver com essa discussão, pois, se o assassino filmou-se antes de cometer sua barbárie, ninguém viu. Mas, que ironia, depois do atentado, a mesma mídia dos advogados do diabo populariza sua mensagem louca. Dá lhe voz, difusão e credencial.
Em nome de quê? Da mesma liberdade de expressão dos defensores extremados da liberdade na Internet.
No mundo em que vivemos, com a Internet do jeito que é e sempre será, queiram os advogados do diabo ou não, difundir é muito mais sério e irresponsável do que fazer.
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Seu último parágrafo parece estar em contradição com o exemplo do marido. Independente disso, acrescento à sua reflexão: às vezes, difundir É fazer – tanto que existe o crime de calúnia e difamação (diferente de ter uma opinião negativa sobre alguém ou alguma coisa). Mas penso que toda censura de Estado é censura, “a” censura, aquela que tanto odiamos. Já autocensura não é a mesma censura. Pode ser simplesmente exercício de bom senso. Dessa, volta e meia sinto muita, mas muita, falta. Em todas as mídias.
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