Uma história das bundas

A origem da palavra modelo, do latim modus (medida, maneira), definiu-se no Renascimento de Michelangelo, o escultor dos peitos, músculos e bundas imortais.

Melhorar a imagem da Mater Dolorosa era justo. Compensar a inocência do rei Davi, justíssimo. Orná-los com improváveis bundas era uma metáfora poética carregada de significado. Se Copérnico colocou o Sol no centro, Michelangelo colocou a bunda.

Que provocação expor formas duras, frias e lisas nos templos religiosos! Quase impossível concentrar-se na comunhão com Deus. Tanta redondeza branca assombrava os tementes a Deus. Invadia sonhos, inflamava desejos, inspirava libidos.

E, assim, construiu-se o sistema bundocêntrico, que ninguém ousa subverter.

Os Michelangelos do tempo moderno é a gente da moda. Pois moderno e moda são palavras com a mesma raiz etimológica. Nada mais justo do que perseguir o ideal supremo, a fixação patológica do grande artista: bundas, bundas, bundas.

Mas o mármore não desfila, nem rebola. Bunda é tecido adiposo. Quando há bunda, modelo ou não, é mole.

Artigo originalmente publicado em FFW em 04/07/2011

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