A Berrini não é o East Village e Moema não é o Marais

Desde que a comunicação resolveu galgar alguns centímetros na escala de consideração social, as masturbações intelectuais subiram para nuvens estratosféricas.

E a culpa é do power-point animado, cheio de imagens cool de jovens dançando de olhos fechados com headphones enormes. A culpa é dos planejadores de todas as raças que serpenteiam em procissões internacionais, atrás da última tendência, da última frase de efeito, do último case revolucionário.

Foi assim, graças ao verniz cheio de sabedoria de almanaque, que a as propagandas (palavra que virou palavrão) ou as plataformas de comunicação (seu eufemismo cool) viraram briefings. É fácil reconhecer esses abortos cheios de justificativas strory-teller-transmídia-technicolor-dolby-stereo. É só não ter charme, nem sutileza. É como um steak-tartare sem tempero.

A comunicação foi dominada pela tosqueira dos mídias, pela subserviência dos atendimentos, pela egotrip dos criativos e agora está sendo devastada pela pretensão dos planejadores. Quem sabe um dia a gente possa abolir job descriptions e fichas técnicas!

11 thoughts on “A Berrini não é o East Village e Moema não é o Marais

  1. Me fez lembrar o movimento que aconteceu na padaria da esquina da minha casa. Era só a padaria do Seu José e depois virou a American Bakery. O pao na chapa e suco são os mesmos, mas o azuleijo foi substituido por porcelanato e balcao de marmore.
    Só faltou um elemento na sua equação: os clientes ( nao todos, mas quase todos) que para dar um minimo de sentido a sua função vazia, estimulam essa suposta sofisticação da propaganda.

  2. Bondade sua, os planejadores já são pretensiosos há muito tempo. Mas concordo que a egotrip dos criativos começou primeiro.

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